Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

sábado, 31 de março de 2012

Feministas: Dom Quixotes contra a cartilha


Há muitos anos o ensino universitário é vítima do politicamente correto mas, agora, com a reportagem da folha sobre o manual de estudantes de Direito, a coisa ficou para lá do absurdo.
Sabemos que há vários motivos para se dar manchetes nos grandes jornais de circulação nacional. Hoje surpreso, 29 de março de 2012, vejo uma manchete na página C9: Manual de estudantes determina 'obrigações sexuais' de calouras. Não fosse o título da mais fabulosa infelicidade, é sem dúvidas um desserviço à informação.
Cartilhas de calouros são textos jocosos, fracos, que ninguém leva a sério, servem para dar risadas no boteco, servem para expressarmos nosso lado pouco correto, sem nenhum compromisso com seu conteúdo. Rafinha Bastos já foi, apesar da indelicadeza, vítima deste patrulhamento absurdo.
Seu conteúdo, repleto de clichês banais como forma de tornar pública a sexualidade e suas formas de sociabilidade, não têm qualquer intenção de ser minimamente norma para condutas. Discutir tais cartilhas é prestar homenagem à hipocrisia. Até o jornalista Mazza da CBN Curitiba, talvez por não ter mais o que comentar, deu notícia da reportagem infeliz, e não conseguiu sequer afastar-se da ambiguidade forçosa, quando tratamos algo não sério, como algo sério.
O único comentário inteligente na Folha, foi de Grace Giannoukas, atriz que, exatamente por sua capacidade de entender o humano, até entende que mulheres politicamente corretas se sintam ofendidas, mas é óbvio que qualquer homem, universitário, mesmo não universitário, apenas tomaria a cartilha como o que ela é, um folguedo adolescente, de início de curso.
Lamentável que se dê publicidade, que se trate com seriedade os grupos cada vez mais radicais que acreditam na diferença de gênero, que acreditam no politicamente correto. Logo esta esquerda pseudo-intelectualizada, proporá um tipo penal para a punição destas cartilhas e ao mesmo tempo, paradoxalmente, fará congressos a favor da extinção do Direito Penal.
Claro está que esta esquizofrenia, alimentada pela venda fácil de jornais com manchetes estereotipadas, apenas produzem erupções vulcânicas, que favorecem o sufocamento do espírito e em seu desenvolvimento o surgimento de movimentos fascistas, amparados na cartilha do politicamente correto.
Ontem ainda, na Globo News um programa sobre a luta dos cidadão contra a censura na ditadura militar nos mostrou como as certezas, como a rotulação fácil do humor, seja ele correto ou incorreto, é não só expressão de uma bizarra compreensão da realidade, como é patética quando levada a sério.
Não é possível nem considerar que a cartilha é alegre, jocosa e faz travessuras com as normas do Direito Civil. Tal, seria tachado de cafajestice, indelicadeza e até de causar efeitos broxantes. Mas se assim é, estamos numa sociedade policialesca, estamos numa sociedade que manipula que impõe formas preconceituosas de compreensão da realidade.
A cartilha não faz da mulher um objeto “estuprável”, tal ilação do texto é desconhecimento absoluto do desejo humano de provocar, de tornar explícito o proibido. Por óbvio muitas ONGs se indignarão, para ganhar notoriedade, mais dinheiro do governo federal, e justificar seus preconceitos, suas ideias preconcebidas e sua absoluta miopia da realidade.
E é aqui que faço minhas as palavras de Luiz Felipe Pondé “É aí que o retardamento mental do politicamente correto estraga tudo: ele responde as questões de uma forma mais infantil do que cartinhas de crianças para o Papai Noel. E a força do drama humano se dissolve no ácido da estupidez.”
Ora, ser homem é gostar de mulher. Desculpem-me as feministas, mas para mim, a mulher é objeto sim do meu desejo, quanto mais bela, mais sensual, mais alegre, mais desejável. Homem gosta de mulher bonita, leve, alegre e dependente (afetivamente).
Mulher independente quer homem para quê? Certa vez um amigo ao ser despachado pela namorada, chorando me disse “ela é a mulher ideal, absolutamente independente, economicamente, socialmente e afetivamente, não a temia, e agora acabou tudo!” Disse-lhe eu “se ela é tudo isso, por que é que ela vai se preocupar com sua janta, com suas cuecas, e ainda tolerar o volume da televisão quando você está vendo futebol?”
Realmente a revolta é coisa de gente fracassada, de pessoas que não são capazes de rir do mundo e de suas idiossincrasias. Conheço a cartilha, acredito até que ela não é muito inteligente, o seu humor é até pobre e algo grosseiro, mas até por isso, não merece sequer uma divulgação tão intensa.
Mas como teremos humoristas refinados, inteligentes e capazes de fazer com que a sociedade reflita sobre seus próprios estereótipos, se colocarmos todos, os bons e finos humoristas tão amedrontados quanto os maus e grosseiros, sempre sob a suspeição de que serão denunciados, corrigidos, achincalhados e ainda expostos à execração pública pelo comportamento politicamente incorreto.
Posso não concordar com o conteúdo da cartilha, mas deveria, num Estado Democrático de Direito, defender até a morte o direito de expressão daqueles que julgaram plausível sua redação e divulgação. Democracia é a expressão das diferenças, das formas absolutamente diversas de compreensão da realidade. Nelson Rodrigues e Monteiro Lobato hoje seriam escritores impensáveis. Será que estamos fazendo certo a lição de casa, ou os grupos feministas e de esquerda da Universidade Federal do Paraná estão propondo a restauração da censura na universidade.
Aliás é interessante perceber que estes grupos que lutaram pela liberdade de expressão, que marcharam pelas ruas das grandes cidades brasileiras para que todos pudessem expressar livremente seu pensamento, independente de seu conteúdo, hoje fazem um alarme tão grande contra uma cartilha mal escrita, brincadeira de meninos calçudos.
A nota de repúdio do PAR se insere na fascistização dos grupos de esquerda na realidade política brasileira, não fosse mais uma manifestação oportunista de um grupo político da UFPR, mereceria o desprezo e o reconhecimento de que, com uma esquerda que pensa assim, corremos o risco de que nosso próximo regime de exceção seja a reprodução ideal, pela esquerda, do abominado regime militar de direita.
Como dizia Murray Rothbard, a contradição da esquerda é que ela não quer substituir a violência da direita pela liberdade mas, substituir a violência e a opressão da direita pela de esquerda, e assim, só os perdedores é que concordarão com o papo furado do politicamente correto, porque é preciso pensar pouco, porque pensar dói!
Quero que continue doendo, para não querer suprimir a liberdade de expressão, seja ela qual for!