Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

Poesias

Poema com fundo de Paul Van Ostaijen

Laura Erber




Eu não posso colecionar os nomes dos terremotos japoneses
Eu não posso colecionar os nomes dos afluentes do Escalda
Nomes dos caçadores de diamantes
Nomes de beijos flamengos
Nomes destas tardes de chuva
Nomes de estar sem você pensando na força dos fracos no
Sangue do Tejo invadindo o inverno de outro continente.
Eu não posso, Paul,
Porque ninguém pode.
Vamos recomeçar
É uma noite de trégua e estamos nus
Eu te observo enquanto você escreve às margens do canal de onde o navio Nunca mais sairá para que os turistas entrem para sentir que em outra vida o Mar poderia ter sido uma vida inteira.
Ligo o rádio e sintonizo o seu poema com uma canção de adultério o resto De um carro de bois fora da neblina dentro da neblina onde minha Lembrança tenta se fixar
Mas não pode
Porque de repente eu desejei fixá-la demais aqui comigo no avesso de uma Foto sua, no seu silêncio, no seu silêncio tácito, Paul, 
Mas ninguém pode.


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