O Carro do Povo
Bernhard Rieger
Sinopse:
Entre 1938 e 1968, o
Fusca - e apenas o Fusca - exerceu um tremendo apelo sobre consumidores de todo
o espectro político, da extrema direita até a extrema esquerda. O seu charme,
porém, não chegou ao fim com o encerramento da fabricação. Centenas de milhares
de pessoas se reúnem todos os anos para exibir, admirar e dirigir seus belos e
bem conservados Volkswagens. Desde 1998, a adoração pelo VW original vem
impulsionando as vendas do New Beetle, o primeiro de muitos lançamentos da
indústria incentivados pela nostalgia automotiva. A aura do Fusca, no entanto,
transcende a mera funcionalidade. Em um mundo saturado de ferramentas voltadas
para a praticidade do dia a dia, pouquíssimas mercadorias são capazes de inspirar
a afeição despertada pelo Volkswagen. Examinando as relações tênues e mutáveis
entre o corpo material do carro e seus significados sociais mais maleáveis e
abstratos, é possível extrair a essência da evolução do Fusca de um sonho
intangível para um ícone global.
O que penso:
O livro de Bernhard
Rieger não tem a intenção de descrever minuciosamente os modelos, alterações
mecânicas, estéticas e técnicas pelas quais o carro do povo passou nos mais de
65 anos de sua existência. Criado por Ferdinand Porsche entre 1936 e 1938,
tendo sido apresentado em sua forma definitiva a Adolf Hitler em 1939, nunca
chegou a ser produzido na fábrica de Wofsburg, construída pelo Regime nazista
na Baixa Saxônia. No entanto, seus derivados foram à guerra nas estepes russas,
nos desertos do norte da África e se espalharam pelos vários teatros de guerra,
alicerçados por sua robustez, simplicidade e eficiência mecânicas. Terminada a Guerra,
a Inglaterra deu alento à fábrica que não tinha dono e se encontrava a apenas
48 Km da fronteira com o setor soviético, e é este alento, é esta visão de
mundo que permite o nascimento do mito em torno do pequeno carrinho. Rieger não
descreve um objeto material, mas antes, faz um apanhado cultural que tenta
explicar o fenômeno de que um veículo simples e pequeno, tenha se tornando e se
identificado como o carro nacional de alemães, mexicanos, americanos,
brasileiros e muitos outros. Suas linhas, herdeiras do Tatra T97 tchecoslovaco,
foram um fenômeno que povoou o imaginário de gerações e parece ainda não ter
esgotado o seu poder de sedução. Tanto assim que o neto de Ferdinand Porsche,
Ferdinand Piëch foi o responsável pela emulação do mito automobilístico com a
criação do New Beetle em 1998, que deu origem, por conseguinte, à febre de
revivals de modelos clássicos, como o Fiat 500, o PT Cruiser e outros. Um livro
inteligente que discute o automóvel que se tornou mito e povoa ainda nosso
imaginário com suas linhas simples e simpáticas.
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