Cenas da História
Os Fatos que
Modificaram os Rumos da Humanidade
Marcelo Ribeiro
Sinopse:
Este é um convite para
o leitor voltar ao passado e conhecer momentos decisivos da história: o
julgamento de Sócrates – a última grande conquista de Alexandre – Júlio César
cruzando o Rubicão para conquistar Roma – Jesus pregando o Sermão da Montanha –
como as águas que batizaram Clóvis fizeram nascer o reino da França? – por que
foi construída a Basílica de São Pedro? – qual foi a mais brilhante das
conquistas de Napoleão? – quem deu o maior golpe financeiro de todos os tempos?
– o fim da Era Vitoriana e o nascimento do século XX – os combates aéreos do
Barão Vermelho – como Londres resistiu aos bombardeios nazistas? – Gandhi
levantando a Índia na Marcha do Sal – qual era o sonho de Martin Luther King? –
o herói solitário que enfrentou uma fila de tanques de guerra na imagem que
resume o século XX. Uma viagem no tempo, este livro é a janela pela qual essas
e outras Cenas da História passarão diante de seus olhos.
O que penso:
Muitas vezes nos
surpreendemos negativa ou positivamente com um texto. Quando vi este livro na
prateleira, compulsei os temas que abordava e acreditei que realmente os pequenos
ensaios, que necessariamente deveriam ser superficiais e despretensiosos,
seriam uma boa leitura para diminuir o estresse. Ledo engano. O livro comete
lamentáveis erros históricos, traz citações não referenciadas, coloca o Rio
Sena onde deveria estar o Rio Marne, afirma situações falsas, como a criação da
França pelo batismo de Clóvis, que Constantino tenha tornado o Cristianismo a
religião oficial do Império Romano, sem sequer fazer menção ao Edito de Milão de 313 que
na realidade apenas tolera a religião, tornada oficial apenas por Teodósio. Mas
para não ser cruel, vou me ater apenas a um dos relatos, talvez dos mais
lamentáveis. O de Dona Inês de Castro. O texto mistura lenda, tradições orais e
história para construir um pastiche digno de Frankenstein. A Rainha Constança
não morreu quando teve seu único filho, o futuro rei D. Fernando, o pai de D.
Pedro I não foi contra o casamento deste com D. Inês de Castro, mas muito pelo
contrário o incitou a isso para a legitimação de sua prole com a amada,
tornando ambíguo o comportamento do varão real. Mais que isso, a guerra civil,
desencadeada após a morte de D. Inês entre pai e filho, estava nos planos deste
e de seus cunhados castelhanos. A cena do beija-mão da rainha morta é lenda,
mito forjado a partir de uma tradição popular do amor cortês que abrilhantou a
prosa e a poesia do medievo. Até porque a situação seria inusitada, morta em
janeiro de 1355, não seria possível seus cabelos ruivos caírem sobre a face que
guardava um riso renascentista em agosto de 1361. Há outros tantos equívocos,
como menções ao Evangelho segundo o Espiritismo ou a invocação do pobre São
Luis IX, que deve ter se revirado no túmulo quando tal sandice foi escrita ou
defendida. Enfim, o livro todo é um equívoco, com erros grosseiros de
ambientação histórica, que não resistem a um pouco de atenção a historiadores
como Le Goff, Duby, Joaquim Veríssimo Serrão, Braudel, Pernaud e muitos outros.
Os erros não permitem sequer que a obra seja fonte de inspiração, na medida em
que reproduz lugares comuns equivocados e sem sustentação na historiografia.
Muito triste que tenha alcançado publicação.
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