Caminho,
e neste caminho sinto uma presença,
Aqui
tão próxima, premente, presente,
Olho,
insisto, persisto, mas não vejo,
Do
fundo de mim um medo, assombração?
Do
meu pensamento, de outro mundo?
Sem
que a presença ausente se desfaça!
Seguido,
mas seguido não só como sensação,
Mas
como pressentimento, de um iminente revelar,
De
um estar sempre ali, onde nada há, ou pelo menos,
Onde
nada pode ser visto pelos olhos cansados,
Pela
luz que me falta, pelo entendimento limitado!
Seguido,
talvez, não por um espírito qualquer,
Não
por um pensamento tresloucado, paranoico,
Mas
simplesmente por meus próprios fantasmas,
Pelas
cruéis certezas que tenho de minhas falhas,
Pelas
devastadores verdades que me afligem!
Seguido
pelas fragilidades de uma alma atormentada,
Pela
incerteza da permanência do sentimento que habita,
Cada
coisa que faço, cada pensamento que exprimo,
Cada
afago que faço, cada linha que escrevo!
E
assim, “noiado”, percebo minha insanidade!
Curioso
é que me sinto menos seguido no escuro,
Quanto
menos luz, menos sensação tenho de outro,
Porque
no labirinto sem luz que habitam meus pensamentos,
Apenas
e tão somente eu poderia caminhar sem medo,
E
então, não sou seguido, porque bastam meus múltiplos!
E
se percebo, nalgum lugar que sou seguido,
Basta-me
encarar o vulto, para vê-lo de dedo em riste,
Apontando
para mim inclemente, severo, autoritário,
Antes
perguntando-me o que penso, para logo a seguir,
Dizer-me
que pensa ao contrário, apenas para embaralhar-me!
Então,
como multidão de pensamentos, todos enfileirados,
Atropelados,
sôfregos e desmesurados, perseguidos,
Permaneço
a passos largos, numa marcha resoluta,
Acelerada,
fatigante, em direção à falta de luz,
Na
quietude do silêncio original, onde não mais serei seguido!