Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

terça-feira, 23 de junho de 2020

Basta





Nossas vidas tornaram-se um pesadelo,
Todos os dias se engendram novas aleivosias,
Fabricam-se novas crises, novos e escalafobéticos transtornos,
Nossas vidas tornaram-se reféns de trogloditas,
Nos enojam com armas, com gestos agressivos,
Nos forçam a ver imagens da Cruz ao lado de revólveres,
Querem nos fazer acreditar que batalhões de milicos,
Arvorados em administradores da coisa pública,
Serão capazes de corrigir os 21 anos de maldades,
De ignorância, de crueldade, de falta de liberdade,
De inflação galopante, de dívida externa escorchante,
De tantas bandalheiras, que depois, foram deixadas,
Para um congresso sempre aberto e tolerante,
Onde pontificava uma oposição tolerada e conivente!
Basta, de toda crueldade submissa, do racismo envergonhado,
Da polícia violenta e a serviço da perpetuação da violência.
Basta de passeatas pedindo o retorno do armagedon,
De faixas pugnando pelo Estado de Exceção, pelo fim
Da Liberdade de Expressão!
Basta da impunidade dos torturadores,
Basta da falta de julgamento dos crimes perpetrados,
Basta da exaltação de criminosos contra a humanidade!
Basta da ignorância perversa semeada em 21 anos de arbítrio!
Basta de manifestações covardes, inverossímeis, canhestras!
Ou nosso Estado de Direito vale e tudo isso tem de parar,
Ou não vale e, então, teremos de ir à rua, lutar por nossa Liberdade,
Antes que as milícias do mal, da perversidade, da violência,
Se armem com os projetis autorizados pelo ensandecido Sebastião!
Basta de interinidades burlescas, de generais de fancaria,
Basta de mentiras, de dados falsos, de estatísticas manipuladas,
Basta de incertezas num momento de mortes e ansiedade,
Basta de um sistema político que permite um incapaz chegar ao poder,
Basta, que chegando ao poder, o incapaz submeta as instituições!
Basta de sequestrar o hino nacional e as cores do país para violar nossa liberdade!
Estamos cansados, exaustos, exangues, mas não paralisados!
Estamos ansiosos, entristecidos, violentados, mas não mudos, não derrotados.
Basta de toda e tanta violência diária!
Basta de toda e tanta desfaçatez, insensibilidade e ignorância!
Que possamos resgatar a civilidade, a paz e os valores que são incompatíveis,
Com a ordem de coisas medonha que nos aflige!

Permanência





Permaneces em mim, eu em você...
Se fecho os olhos, imagino tua pele,
A cor, o reflexo, o brilho, que se espalham,
Por todo o espaço que ocupa, como um mundo,
Que se descortina, imenso, intenso, pleno,
No ato de te amar!...
Permaneces em mim, teus cheiros,
Teus gostos, que guardo, escondidos,
Dentro do mais íntimo da minha alma,
Guardo como tesouros, que carrego em mim,
Desesperando o desejo do encontro, do sentir!
Permaneces em mim, porque te desejo,
Tão escandalosamente, que quero desvestir-te,
Quero te ter nua, inteira, entregue, inerte,
Apenas e intensamente pronta para mim!
Permaneces em mim, apesar da ausência,
Que dói, que machuca, que exaspera,
Mas que promete, no encontro,
Outro intenso desenrolar de uma extenuante,
História de amor e permanência!
Permaneces em mim! Eu, em você!