Viajo nas
notas,
Das músicas
que tocam,
Que invadem
o meu tempo,
O meu
espaço,
O meu
sentir!
Nada sou
sem este ritmo,
Sem estas
notas que me invadem,
Vozes brancas,
Vozes negras,
Vozes amarelas,
Indistintas.
Porque falam
à alma,
Toda nossa
alma,
Sem cor,
Sem raça,
Sem tempo,
Apenas um
existir,
Desesperado
e ansioso,
Por mais um
dia,
Por mais
uma chance,
Por mais
uma possibilidade.
Quero
existir para além de mim,
Quero permanecer
para além de mim,
Quero tudo
o que não posso,
Porque tenho
em mim,
A humanidade
que não encontra limites,
Em seus tão
estreitos limites.
A música é
a forma de transcender,
Não importa
que não haja amanhã,
As notas
hão de se repetir,
Infinitamente
no universo,
Para além
do universo,
Reverberando
todos os nossos sentimentos,
Todas as
nossas mágoas,
Todas as
nossas ansiedades!
Quero
desaparecer num instante,
Que seja
uma eternidade,
Desaparecer
simplesmente,
Numa nota,
que se repita,
Por toda a
eternidade,
Cantando a
simplicidade de minha,
Alma,
Minha natureza,
Pobre e
pequena permanência,
De um ser
tão insignificante,
Que é
eterno,
Todo na
música,
Que o
invade,
Que dele
parte,
Apenas para
inutilmente,
Prolongar uma
vida,
Que não tem
objeto,
Não tem
sentido,
Não tem
razão,
Mas que se
perpetua,
Nas notas
musicais,
Nas cores
que delas partem,
Nos enlevos
que vivemos,
Intensamente,
invadidos,
Pelos sons,
inexplicáveis,
Que têm
mais força,
Que o
vinho,
Que a
tristeza,
Que a
alegria!
Quero
partir numa nota,
Quero ter a
graça, de não partir,
Em silêncio!