Queremos
viver mais,
Queremos morrer
muito velhos,
Mas parecendo
muito jovens,
Vivemos a
insanidade do desejo,
De não
morrer!
Mas vivemos
mal o que temos,
Vivemos desejando
o que não temos,
Vivemos desprezando
o que temos,
Queremos muitas
coisas das quais não necessitamos,
Necessitamos
de muitas coisas que não queremos,
Vivemos imaginando
um eu,
Que é outro
eu,
Que não o
nosso!
Vivemos
imaginando uma eterna juventude,
Juventude que é só ansiedade,
Medo,
insegurança, sonhos,
Que nunca
se realizaram.
Não como
gostaríamos que tivessem se realizado,
E se
realizados, carregamos o peso de todas,
As nossas
dores,
De todo
nosso medo,
De toda
nossa insegurança,
Da necessidade
de competir,
Da necessidade
de destruir,
Da necessidade
de aniquilar o que...
Se interpõe
entre a conquista...
E seu
usufruto,
Mas não
vemos,
Quão inexorável,
é perder tudo,
Porque tudo
acabará no momento,
Sublime momento,
De morrer!
Queremos viver
muito,
Queremos rejuvenescer
muito,
Apenas para
parecermos,
O que não
somos,
Nem nunca poderemos ser!
Nem nunca poderemos ser!
A eternidade
não é sequer,
Uma possibilidade
do Universo,
Que marcha
silencioso,
Inexorável,
Para seu
ocaso!
Não quero
viver mais,
Quero viver
o que me for dado,
Quero amar,
o que me ama,
Quero existir,
para meu existir,
Quero
encarar meu ocaso,
Como um
ocaso necessário,
Como um
ocaso maravilhoso,
Como um
ocaso que me faz humano,
Porque sentido,
Porque percebido,
Porque consciente,
E assim,
mais humano,
Não quero resisti-lo,
Não quero
falsificá-lo,
Não quero
desejar outro,
Curso para
a vida,
Que não o
curso que leva para a morte.
Não quero
desejar mais do que tenho,
Quero ter o
que desejo,
Mas desejar
apenas o que tenho,
Todo o
resto não me faz falta,
Basto-me,
na existência que tenho,
E se um
dia,
Não me
bastar,
Porque incapaz
de ter,
De desejar,
O que me
basta para existir,
A porta da
frente,
Estará
sempre oferecida,
Para sair
da vida,
E não entrar para a história,
Ou na
eternidade,
Mas apenas
habitar,
O panteão
do certo,
O panteão
do líquido,
O panteão
do que deve ser!
Viver mais,
para quê?
Apenas e
tão somente para amar,
O mar, o
ar, o luar, o tempo,
De poder
amar,
A amada que
habita meus sonhos!
Não quero
mais viver,
Do que a
vida se me ofereça,
Com toda
sua beleza,
Com toda
sua crueza,
Com toda
sua verdade!
Viver mais,
tão somente hoje!
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