Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

sábado, 8 de março de 2014

Chamo...






Quando te chamo,
Não te encontro,
Mas continuo,
Desesperado a te chamar,
Mas não me vês...
Não se dás ao trabalho de quedar-se,
Apenas inerte, dedicada,
Para suprir minhas poucas dores,
Que se manifestam na tua ausência,
Apenas pela tua falta!

Chamo...
Mas quem me ouvirá?
E se outro me ouvir,
Que não os teus ouvidos,
Se outro, que possa me desejar,
Tal qual sou,
Torto, vesgo, desdentado,
Se este outro me ouvir,
E souber sentir, comigo,
Minhas dores,
Onde ficará você!?

Chamo...
Não me ouves, e o que apenas desejo,
Tão simples...
É que me ouvisses, que me desse o calor,
De teu corpo, de teus olhos,
Mas não estás aqui,
E desfaço-me em chamamentos vazios,
Que não encontram teus ouvidos...

Chamo...
E agora chamo, gritando,
Para que todos os espaços,
Do mundo e do tempo,
Saibam do meu desespero,
Do meu desamparo,
Para que onde encontrar um ouvido,
Encontre eu o conforto,
De amar e ser amado,
Apenas para que a presença,
Se perpetue,
Física, táctil, olfativa,
E não apenas...
No esquecimento,
De um retorno objetivo,
Obrigatório, porque um dia querido,
Para o ninho, que já não é mais ninho,
Para um lar, que não mais é lar,
Para um paraíso, tornado, Hades!

Chamo...
Para encontrar...
Se possível é...
O amor que de mim não se separe!

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