Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

terça-feira, 14 de abril de 2015

Aniversário






E não é que hoje é aniversário!?
Aniversário de namoro,
De um namoro que não existe mais,
De um namoro que morto,
Se torna peso, arrastado,
Por medo do teu sofrer!

Quanto carinho, quanta dedicação,
Quantos momentos, quanta verdade,
Quanta promessa, quanta felicidade,
Quanta oferta, quanto comprometimento,
E agora isso,
Acabou o amor!

Sinto-me culpado, sinto-me vazio,
Sofro mil vezes mais, que você,
Que está prestes a ser abandonada,
Mas que não sabe, que já me abandonou,
No momento mesmo, que implorou,
Se humilhou, se justificou,
Mas esqueceu que o amor,
É respeito,
É admiração,
É dignidade!

Sem isso, esse amor é apenas...
Comiseração,
Dó,
Fraqueza,
Escravidão!

Não, não é amor,
Não, não é aniversário,
Não, não é o que quero!

Quero fazer outros aniversários,
Onde você não mais estará comigo,
Mas outro será o objeto deste amor,
Que te tinha, não te tenho mais,
E como me dói...
E dói mais em mim,
Que o sei, que tenho consciência,
Do que em você, que pode gritar,
Chorar, xingar, ameaçar,
Inconsciente de suas responsabilidades,
Na morte do amor,
Que desaniversaria hoje, bem hoje,
Quando seria seu aniversário!

Você me ama?
Você me quer feliz?
Deixa-me partir,
Se feliz eu for, deverei toda esta felicidade,
Toda esta liberdade a você!

Se infeliz eu for,
Porque perdi o teu amor,
Serei sereno, porque perdi,
Porque fui livre para partir,
Continuo livre para voltar!

Assim, este desaniversário,
Pode ser a antessala,
De muitos aniversários,
De amor e de felicidade,
Para mim e para você,
Talvez separados,
Talvez reunidos,
Mas não agora!...

Sombrio






Estou sombrio,
Meus sentimentos, conflitantes,
Não me permitem a paz da ignorância!
Sofro porque sei o que há,
Sofro porque sei o que sinto,
Sofro porque sou dono de meu destino,
Sofro porque entendo a radicalidade de minha liberdade.

Estou sombrio,
Porque só e abandonado,
Porque incompreendido,
Porque absolutamente ausente de mim,
Porque responsabilizado pelo que não é meu,
Porque culpado pelo que não fiz,
Porque me querem roubar a radicalidade de minha liberdade.

Estou sombrio,
E assim me quedo,
Até o momento de descobrir a passagem,
Que de minha liberdade,
Se abre a alma livre,
Para que eu esteja novamente,
Inteiro, livre e existente,
Responsável tão e somente por mim!

Pela minha doída existência!

Um lugar






Qual é o melhor lugar para se estar quando não se domina o destino?
Quando escravos, quando nos submetemos à escravidão, qualquer lugar,
Por pior que possa ser, será o melhor lugar se nos proporcionar a liberdade!
Nunca estamos no lugar onde não deveríamos estar,
Uns porque acreditaram possível vencer as compulsões,
Outros porque a elas sucumbiram, iludidos por desculpas nada honestas.
Se somos honestos, assumimos o compromisso conosco de ser verdadeiros,
De assumir nossas fraquezas e desilusões, de tentar restaurar-nos,
Mas sem luxos, sem comiserações, sem piedades falsas!
É desonesto atribuir ao outro, nossas fraquezas,
Esconder-se na culpa de nossas responsabilidades,
Acusar impunemente o outro de nossas mazelas!
Qualquer lugar é um lugar, quando se busca libertação,
Qualquer lugar é o melhor lugar, quando nos queremos livres,
Qualquer lugar é um bom lugar, quando é o que merecemos,
Porque assumimos a responsabilidade de nosso existir!
Como chegamos a este lugar,
Eu por meus sentimentos,
Você por suas fraquezas,
Nós, porque acreditamos demais,
O mundo, porque nos permitiu existir,
A vida porque não nos abandonou...
Qualquer lugar, um lugar, para ser livre!