Por
que Poesia?
Porque
incapaz de escrever uma crônica,
Porque
incapaz de escrever uma novela,
Porque
incapaz de escrever um romance.
Tenho
milhões de eus em meu pensamento,
Tenho
milhões de personagens,
Múltiplos,
multifacetados,
Incríveis,
torpes, geniais,
Bons,
maus, neuróticos,
Doentes,
sadios, sádicos,
Invejosos,
cruéis, amigos,
Bondosos,
santos, demoníacos,
Assim,
assim mesmo,
Todos
misturados, confundidos,
Indecifravelmente
unidos,
Incapaz
que sou de separá-los,
Senti-los
como únicos,
Incapazes
de assumir,
O
papel de agente e protagonista,
Da
história que não se escreve.
A
poesia pelo menos,
Esconde
minha ignorância,
Minha
incapacidade,
Minha
torpe frivolidade,
Abranda-me
as dores,
Alerta-me
da finitude,
Da
liberdade...
A
poesia não admite ofensas,
Mas
ofendida, ela não se revolta,
Fica
aqui, esquecida neste canto,
Canto
do mundo, que grita para o vazio,
Para
ouvidos moucos,
Para
olhos desnaturados,
Para
mentes embotadas,
Que
não sentem meu grito,
O
grito de cada um de meus personagens,
Que
prestes a sair de cena,
Escondem-se
do mundo,
Como
o mundo faz de conta que...
Inexistem!
Poesia,
que seria de mim,
Se
não existisse, apenas,
Tão
somente,
Esta
forma,
Tão
doída, de falar...?
De
minhas dores,
Meus
ferimentos,
Minhas
lancinantes divisões,
Que
emaranhadas,
Fazem-me
sucumbir,
Para
não mais existir!
Poesia,
serve de grito,
Serve
de alerta,
Serve
de pedido,
Serve
de esperança,
Mas
se nada disso suceder,
Não
se culpe,
O
poeta era bissexto,
E
já nada pode dizer,
Que
não seja um suspiro,
Derradeiro
suspiro,
Não
de sofrimento,
Mas
de superação,
De
uma existência,
Que
se quer livre!
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