Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

quarta-feira, 25 de março de 2015

Por que Poesia?





Por que Poesia?
Porque incapaz de escrever uma crônica,
Porque incapaz de escrever uma novela,
Porque incapaz de escrever um romance.

Tenho milhões de eus em meu pensamento,
Tenho milhões de personagens,
Múltiplos, multifacetados,
Incríveis, torpes, geniais,
Bons, maus, neuróticos,
Doentes, sadios, sádicos,
Invejosos, cruéis, amigos,
Bondosos, santos, demoníacos,
Assim, assim mesmo,
Todos misturados, confundidos,
Indecifravelmente unidos,
Incapaz que sou de separá-los,
Senti-los como únicos,
Incapazes de assumir,
O papel de agente e protagonista,
Da história que não se escreve.

A poesia pelo menos,
Esconde minha ignorância,
Minha incapacidade,
Minha torpe frivolidade,
Abranda-me as dores,
Alerta-me da finitude,
Da liberdade...

A poesia não admite ofensas,
Mas ofendida, ela não se revolta,
Fica aqui, esquecida neste canto,
Canto do mundo, que grita para o vazio,
Para ouvidos moucos,
Para olhos desnaturados,
Para mentes embotadas,
Que não sentem meu grito,
O grito de cada um de meus personagens,
Que prestes a sair de cena,
Escondem-se do mundo,
Como o mundo faz de conta que...
Inexistem!

Poesia, que seria de mim,
Se não existisse, apenas,
Tão somente,
Esta forma,
Tão doída, de falar...?
De minhas dores,
Meus ferimentos,
Minhas lancinantes divisões,
Que emaranhadas,
Fazem-me sucumbir,
Para não mais existir!

Poesia, serve de grito,
Serve de alerta,
Serve de pedido,
Serve de esperança,
Mas se nada disso suceder,
Não se culpe,
O poeta era bissexto,
E já nada pode dizer,
Que não seja um suspiro,
Derradeiro suspiro,
Não de sofrimento,
Mas de superação,
De uma existência,
Que se quer livre!

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