Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

sexta-feira, 23 de junho de 2017

Amor errante



Cada amor que vivi,
Entre eles tão únicos e iguais,
Nem menos, nem mais,
Por eles o mesmo amor senti.

Porém, sem querer, houve um,
Doloroso e intenso amante,
Os dias eram longos se distante,
E depois não coube mais nenhum.

Entre mentiras, verdades e vaidades
Me perdi, demorei muito para me encontrar,
Então prometi, nunca mais deixar de me amar.

Entendi que buscava neles o que faltava em mim,
Lampejos de alegria, lampejos de satisfação
Estava presa naquela dependente emoção
E era sempre sofrimento no fim.

À força, precisei esquecer
Mas havia algo a ser aprendido,
E ainda que escondido,
Terás sempre todo o meu querer!


Da poeta Dra. Jaqueline Doring Rodrigues cuja juventude perfuma o mundo!

Destino




Vivemos uma vida às cegas,
Não sabemos o que nos espera à esquina,
Caminhamos qual cegos pelas teias tecidas,
Pelas Moiras que fiam cada destino!

Vivemos uma existência às cegas,
Mas, claudicantes, procuramos ávidos,
Que Cloto fie a todo instante, sem parar,
Fios e mais fios de vida, para amar!

Vivemos um tempo às cegas,
Com Láquesis a enrolar os fios tecidos,
Produzindo encontros e desencontros,
Construídos pelo desconhecido do destino!

Vivemos um esperar às cegas,
Para que muito antes do corte de Átropos,
Possamos encontrar a outra metade..
Que tanto ansiamos desde a separação original!

Vivemos um padecimento às cegas,
Até que Eros, flechando-nos,
Estabeleça e de sentido, à vida,
Cujo existir é atribuído, pelo ato de amar!

Vivemos às cegas, por isso, como destino,

Buscadores eternos dos favores da deusa de Pafos!

Para não dizer




Para não dizer que não falei das batatas,
Direi que em minha história,
As há fritas, coradas, cozidas,
Que cada uma das formas,
Por mais que feitas com esmero,
Segundo todas as regras,
Todas elas tinham gostos diferentes,
Porque diferentes as mãos que as cortaram,
Diferentes as mãos que as lavaram,
As mãos que as cozeram,
O amor que as cuidaram!

Para não dizer que não falei das batatas,
Fico sempre imaginando,
O momento, em que comerei as batatas,
Escolhidas, lavadas, cortadas,
Regadas ao amor que me tens!

Falei das batatas, falei do amor,
Falei da falta que sinto,

Das batatas que ainda não fizestes para mim!

quarta-feira, 21 de junho de 2017

Desamor




Contaste-me tua história...
Percebi teu sofrimento,
Senti tuas lágrimas,
Queimaram minh'alma!

Escutei-te todo atento,
Implorando que aquele momento,
Servisse de amparo, de alento,
A uma alma triste, por amar!

Desamor, não, não creio,
Sabes mais que amar,
Temes que não o saibam,
Temes que não perseverem!

Mas tua história de desamor,
Apenas sublinha o quanto mereces,
Admiração por tudo que fazes,
Arrebatamento por tudo que sentes!

Se desamor te foram dados,
Desamor não te devem ser oferecidos,
Amor é o que tens para dar,
Amor é o que deves te ser retribuído!

Eros e seu arco,
Atira flechas a esmo,
Mas que a flecha não desista,
Antes de acertar o seu alvo!

Que a vida sem sentido,
Vivida em desamor injusto,
Seja preenchida de valor,
Pelo amor mais que justo!

Ao te olhares no espelho,
Que reflitas o amor que mereces,
E tudo que é capaz de dar,
Como amor que não fenece!

Que a crença no eterno.
Faça sentido no vivido,
No acreditar e no sentido,

De amar ao infinito!

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Preciso escrever



Eu preciso escrever. 
Não vai dar pra fazer nada. 
Nem respirar, sem escrever.
Tenho aquele maldito turbilhão de pensamentos 
que me fazem não resistir a escrever 
o quanto meu cérebro se contorce com o emaranhado...
de frases, palavras e contradições. 
Tenho medo que nesses momentos 
o papel simplesmente aceite minha loucura 
e não me proíba de jogar pra fora 
coisas que nasceram pra nunca ver a linha da escrita. 
Segredos, medos, frustrações, enganos, 
comportamentos e arrependimentos. 
Talvez eu possa escrever... 
qualquer coisa que me sacie. 
Talvez eu possa somente revelar 
o lado sombrio desta noite 
e, possa voltar a respirar. 
Quem sabe eu possa.

Bela poesia da Dra. Tânia Hegler. 

terça-feira, 13 de junho de 2017

Quanto tempo




Ainda ouço as máquinas de escrever,
O estalar dos cavacos no fogão,
A água e seu borbulhar ao acaso,
Encontro ainda os maços de vela,
A palha de aço, o escovão,
A lata de banha, hermeticamente fechada!

A pera suspensa sob o fio de luz,
A lâmpada incandescente, queimava,
O ferro, que precisava de carvão,
A sacola de pano, com seus cartuchos,
Que continham arroz, feijão e açúcar.
Os pesos e o fiel, gastos, ruidosos, largados!

O cheiro de chuva, que acontecia antes da chuva,
Borboletas, multicolores, expressão de alegria,
Os Três Patetas! O Gordo e o Magro!
Um Papa gordinho e risonho, seguido de um magro,
Atormentado, sempre em angústia, entre passado e futuro!
O jornal antes do filme no cinema, o futebol!

Meu pai em sua cadeira, “adivinhando” as notícias,
Sempre no mesmo canal, no mesmo horário,
Chinelos calçados, como preito de carinho,
Admiração sem fim, do herói único,
Com a clarividência tranquila dos dias,
Cid Moreira reproduzia, cada notícia antecipada!


A política como um detalhe obrigatório,
Distante, que se fazia visível na tela,
Lei Falcão e o bizarro desfile de currículos.
Dois partidos, muitas sublegendas, casuísmos!
Quatro emissoras na televisão, fim, meia noite...
Psicodelismo, novos baianos, jovem guarda!

Toca fitas armado, microfone na mão,
Rádio mal sintonizada, AM, miríade de propagandas,
Desespero em gravar a música sem a locução,
Voltar a fita com a caneta, acertar o ponto exato,
Fim de uma história, início da outra, quanto tempo...

E já não somos mais sujeitos de nossa história!

segunda-feira, 12 de junho de 2017

Feliz Aniversário




Aurélio, talvez por vocação,
Tenha nome de dicionário,
Mas, com toda sua erudição,

Desejo, Feliz Aniversário!

Sempre vou te amar




Amado,
Não tenho esforço.
Não tenho dor,
Não tenho desgosto,
Amando,
Me esforço tanto,
Me dói tanto o peito,
O desgosto me tolda o tempo.

Mas, se amado sou,
Encanta-me saber do amante,
Povoa meu pensamento distante,
Mesmo que não possa tocar,
Mesmo que não possa sentir,
Apenas por saber amar!

Amando, vivo!
Amando, sofro!
Amando, choro!
Amando, rio!
Amando, existo, para além de mim,
Para além do outro,
Para além da história,
Para perpetuar-me, em cada mensagem,
Em cada bilhete, em cada lembrança,
Em cada dia,
Por que...
Todos os dias são dias de amar,
E assim, todos os dias são...
Dia dos namorados!

Meu dia, seu dia, nosso dia,
Apenas e tão somente,

No dia de amar!

sexta-feira, 2 de junho de 2017

Tabuada




Ela repousou a cabeça nas suas coxas;
Ele contemplava o parque como se fosse o paraíso;
Ela começou a se lamentar,
Ele sem compreender, a questionou,
Ela disse,... isso é muito difícil!
O que é muito difícil?1
Esse negócio de tabuada!...
Imagine decorar 7 vezes oito...
Sempre tem alguém que diz, 58!
Mas não é, porque 7 é seguido de 8,
E antes o 5 é seguido do 6.
Então 7 vezes 8 é 56!
Ela diz – nada a ver, mas faz sentido.

Ele, querendo impressionar, diz...
Assim como o 9 é fácil,
Se for 9 vezes 1 é 9, porque todo múltiplo de 9 soma 9...
Como é que é?
Sim, 1 vezes 9 é 9!
2 vezes 9 é 18 e 1 mais oito nove,
3 será 27 e 2 mais 7 é 9;
4 será 36 e 3 mais 6 é 9...
Veja que é o multiplicador menos 1 mais o que falta para nove!
Como assim, e 7 vezes 9?
Simples, o multiplicador é 7, então o primeiro número é 6 para somar 9...
Já sei, faltam 3, então 63!

Descobriram ali, que matemática é magia,
Que a magia preenche o mundo de vida,
Que amar é viver intensamente...
Que amar é magia e encantamento.
Então, amor é pleno de matemática!

- Taí o 69 para não desmentir!