Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Non sense






Repetimos todos os dias,
Os mesmos caminhos para ir,
Os mesmos caminhos para voltar,
E neste ir e vir, cruzamos,
Uma multidão de rostos,
Não conhecidos, indiferentes,
Cruzamos pelos outros como estranhos,
Tão estranhos que não identificáveis,
E então nos damos conta,
Da falta de sentido, deste repetir,
Incansável de dias sem cheiro,
Sem gosto, sem prazer, sem gozo!

Repetimos todos os dias,
Uma rotina imposta pelas necessidades,
Que não temos, que não queremos,
Mas que nos são impostas,
Por um mecanismo triturador,
De uma sociedade de consumo atávica,
Que nos faz apenas números e estatísticas.

Caminhamos sem saber o por quê?
Buscamos sucesso medido por coisas,
Nos definimos pelo que fazemos,
Nunca pelo que somos e como existimos.
Gaguejamos quando intuímos reprovação,
Naquele simples que desejamos.

E assim, vão se repetindo,
Dias e mais dias, de encontros,
Que nada mais são que sombras,
Sem nomes, sem histórias,
Incapazes de reconhecer no outro,
Uma parte de nós que está à deriva!

E lá vamos nós reproduzindo,
Toda falta de sentido, a que nos condena,
Uma sociedade despida de valores,
Esquecida do tempo longo da história,
E por isso mesmo, alienada de Deus!

E lá vamos nós, repetindo sempre, por quê?
Sem encontrar uma resposta,
Sem encontrar um lugar,
Onde faça algum sentido existir,
Para além desta repetição dantesca!

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