Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Relutância






Estou cercado de coisas,
Não atribuo a elas mais valor,
Do que os aromas e os gostos,
Que estiveram presentes no seu surgimento!

Não digo no momento em que se fizeram,
Nem naquele em que foram concebidas,
Mas no do desejo irreprimível de guardar,
Uma coisa que encerra em si uma lembrança!

Daí a relutância, a procrastinação,
De desvencilhar-se de tantos objetos,
Que descorados, empalidecidos,
Encerram ainda, sentimentos, recordações!

Não importam coisas “made in China”,
Nem aquelas cozidas em barro, simples,
Importam onde estavam meus pés,
E mais que eles, minha sôfrega paixão!

A diferença entre o atulhamento de lembranças,
E o atávico acumulacionismo, consiste, tão somente,
Nas mensagens inscritas em cada objeto,
Que povoam tão distraidamente o existir!

As coisas e suas linguagens,
Falam de mim, falam de ti...
E nossa presença se entrelaça,
Nas coisas que se perdem.

Daí, a relutância, de não te perder jamais!

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