Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Estranhamento





Quase todos os dias,
Passo pelas mesmas ruas,
Pelos mesmos lugares,
Com as mesmas pessoas!

Quase todos os dias,
Acredito que vivo um novo dia,
Mas apenas repito, 
Meu passado-futuro, 
Meu...
Futuro-passado!

Não existo no aqui e agora,
A não ser no momento que...
Sofro, intensamente,
O estranhamento de um outro eu,
Apresentado por todos aqueles,
Que não me reconhecem como sou,
Ou talvez, como penso que sou,
E é este estranhamento,
Surgido dos enganos que vivo,
Para mim mesmo,
É que me tornam, ansioso,
Angustiado, desesperado,
Porque ainda penso,
Que sei quem sou!

Mas eu não sei,
Não sabemos nenhum de nós,
Porque somos obras de um acaso,
Absolutamente contingente,
Sem sentido, sem objeto!

Mas quando me estranho,
Para além de mim mesmo,
Só posso escorar-me,
Em minha liberdade e solidão!

Mas elas se preenchem de você!
Mas elas se esgotam em você!
Assim, sou eu,
Um estranho para mim!
Uma projeção amada por você!
Uma vida sem sentido!
Que constrói todo sentido!
Apenas no ato de amar!

 Existo para amar você!
Existes para ser amada por mim!


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