Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

domingo, 4 de novembro de 2012

Loucura





Caminhava pelas ruas sem um rumo certo, acreditava que seguia sua vontade de encontrar o motivo, aquele motivo que explicasse a dor. Pensava na dor, na dor causada por um computador aberto, por conversas trocadas, por sentimentos dados e trocados, sem um sentido para além do vivido, do pensado! Mas minhas inconstâncias abertas, escancaradas, evisceradas de mim, irreconhecíveis em mim!
Caminhava pelas ruas, chovia, ou chorava, o coração sangrava não porque descoberto, não porque causado desconforto, mas o que feria, na caminhada, em cada passo, era a dor causada, quanto sofrimento que o outro não percebia, porque seu sofrer era mais agudo, estridente, vivo, dilacerante!
Caminhava pelas ruas, pela vida, pelos pensamentos, pelos sentimentos, e não encontrava um motivo para tanto sofrimento, a não ser a dilacerante certeza que sofria mais que o sofredor, que se aniquilava mais que o descobridor, que se esfacelava mais que aquele que em flashs trazia à vida os fantasmas do nada que me constitui! Minhas faltas, minhas feridas evisceradas, se arrastam pelas ruas por onde ando, tão inundado de minhas dores, que não sei se chove, ou se choro, tão copiosamente que me afogo em minhas torpezas, que incendeiam minha alma!
Caminhava pelas ruas, chorando e repetindo teu nome, porque se assim não o fizesse, não acreditava que magicamente tua dor pudesse cessar para que a minha, não cessasse mas se calasse e se ajoelhasse em profundo sentimento de ruína para pedir perdão, agora, sempre, todos os dias, apenas para te ver sorrir! Para te ver viver a intensidade de um amor que sobrevive ao tempo e a todas as dores!
Parei, encontrei-te decidida a sorrir, meu coração ainda dói, treme, se angustia, mas em teu sorriso que me devolve a vida, paro de caminhar, apenas para quedar-me a teu lado, e sussurrando teu nome, voltar a viver, como foi, desde o início dos tempos, dos tempos em que me construí como homem!
Parei, parei de caminhar, resgatado pelo teu amor!

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