Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Deus é grande.





Quero dividir com vocês o prazer que tive ao ler o livro de Stéphanne Charbonnier, escrito pouco antes de morrer em um atentado em Paris, ele diretor do polêmico Charlie Hebdo, um verdadeiro ensaio como Libelo, Manifesto pela Liberdade de Expressão.
Compartilho com vocês uma das partes mais significativas do livro:




“Deus é grande o suficiente para se defender sozinho (pg. 26)

Francamente, se Deus existe e é tão poderoso quanto seus servos afirmam, nós, os infiéis, os descrentes, os laicistas, os ateus, os antiteístas, os agnósticos, os apóstatas, estamos mal... Estamos irremediavelmente condenados ao fogo do inferno.
Daí a pergunta: por que os crentes recorrem à justiça dos homens para nos punir, se a justiça Divina o fará, e bem mais severamente do que qualquer juiz? Quem é afinal esse Deus, que afirmam todo-poderoso, mas que precisa de advogados para nos processar? Será que Deus não se ofende, ao constatar que aquele a quem até então considerava como um bom crente recorreu à justiça, e não à oração? Por que o fiel faria Deus se arriscar a cair no ridículo perdendo um processo na Terra, embora esteja seguro de vencer todos os processos no Céu? Não quero brigar com ninguém, mas, do ponto de vista do crente, não seria blasfêmia o ato de pedir a magistrados, que talvez sejam descrentes eles mesmos, a condenação de outros descrentes em nome de Deus? Encarregar-se da defesa de Deus não é a expressão de uma espécie de pecado por orgulho? Deus, o criador do mundo, aquele sujeito de ombros largos que brinca com nosso planeta como o motorista parado no sinal vermelho brinca com as melecas que tira do nariz, precisa do mestre Fulano de Tal para lavar sua honra?
Ao atacarem na justiça os blasfemadores, as associações comunitaristas só provam uma coisa: elas não acreditam em Deus.
Ou então são favoráveis à dupla punição, o que é particularmente maldoso e perverso. Querem que sejamos condenados aqui, na França, e uma segunda vez, lá no alto. Ou melhor, lá embaixo, pois é comumente admitido que o inferno fica no subsolo e o paraíso no primeiro andar.”

Um texto inteligente, irreverente, impecável e irretorquível. Efetivamente se Deus é tão grande, onipotente, onipresente e onisciente, não há motivo para que padres, pastores, rabinos, mulás nos obriguem a segui-lo. Muito pelo contrário. É o exemplo e o testemunho de vida cristã, judia ou islâmica que leva à conversão, e não o ódio, a perseguição e a imposição de mal e duvidosas verdades de fé!

Um livro brilhante, não é possível deixar de lê-lo com sofreguidão, aproveitamento e regozijo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sentir, Pensar, Expressar! A Intenet tornou possível a qualquer homem, a qualquer mulher, expressar tão livremente seu pensamento e seus sentimentos, quanto o são em realação ao seu existir! Eis o resultado!