Que existência é essa
que me faz levantar todos os dias e escutar a rádio repetir sempre as mesmas
mazelas, sempre as mesmas dificuldades, de um país improvável?
Que existência é essa
que me faz descrer do Judiciário, de ver meu país estiolado e roubado por
aqueles que de maneira trágica e cômica se dizem salvadores da pátria?
Que existência é essa
que me cansa de ver a estupidez de um magistrado do TSE receber mais diárias do
que salários em um ano apenas, e a burocracia, cândida, mas espertamente, dizer
que tudo é legal, sem que nada seja moral, ético ou legítimo?
Que existência é essa
que faz com que passe a viver os medos que tinha em 1986, como se a história
deste país improvável, fosse um lamentável círculo de misérias e infernos?
Que existência é essa
que não é capaz de desenraizar-se, lançar-se para longe, além oceano, além
história, além tempo, para negar este país aparelhado, embrutecido,
emburrecido?
Repugna-me aceitar que
apenas a burrice, a estultice, a bizarrice, justifiquem que todos os dias ligue
a rádio do carro para ouvir sempre e incansavelmente as mesmas coisas, como um
manifesto perpétuo de minha impotência!
Eleições para eleger
sempre os mesmos sujeitos, governos apenas para roubar-me a força de meu
trabalho e a força de meu viver, Estado apenas para violentar-me em meus
direitos e minha vontade.
Eu quero mesmo, é a
Anarquia, quero a supressão disto tudo, quero o fuzilamento de todo sujeito
salvador da pátria, quero a aniquilação do Estado, quero o fim deste círculo de
Dante que nos faz enlouquecer cada dia um pouco, para embrutecidos e
entorpecidos, figuremos como um arquétipo medonho chamado povo!
Quero romper com esta
existência sem sentido, que só terá sentido, com a ruptura...
Quero rir de mim mesmo,
quero ser capaz de andar nú, andar contra-mão, estacionar no meio de um
palácio, beijar todas as pessoas, plantar flores, dar de mim e de todos a cada
um não segundo suas necessidades, mas a todos segundo seus desejos!
Quero que este país e
este mundo explodam, com a alegria de minha liberdade, para além de toda
opressão...
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