Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

sexta-feira, 10 de março de 2017

Insanidade




Não acredito no tempo, nos dias,
Nos caminhos, nas aparências,
Não consigo concatenar existir,
Aqui,
Agora,
Atrapalho-me com o que sinto,
Com o que penso...
Atormenta-me existir,
Assim, tão sem sentido,
Caminhando para lugar algum,
Como miserável endoidecido!
Então percebo a insanidade da vida,
A loucura de viver cada dia,
De pretender viver, tantos dias,
Apenas para comer, dormir, trabalhar,
Correr, deitar desespero e  angústia,
Num mundo do avesso...
Que não tem direito!
De parecer tão lúcido!
Lúcido, como os Napoleões de hospício,
Onde pelo menos, cada um é...
Cada dia um personagem de si mesmo,
Apenas e tão somente um Alexandre Magno,
Um rei, um cavaleiro, um cientista,
Todos eles mais verdadeiros que eu,
Que para fugir da sanidade,
Faço poesia, para então e só então,
Inundar o mundo, tão pequeno,
Tão mesquinho e acanhado,
Com minha insanidade.

Insano existo, louco resisto,
E deixo para outro dia,
Deixar de existir,
Apenas por que ainda mais...
Ensandecido!!!


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