Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Chuva






A chuva açoita com violência o telhado e as janelas,
O cinza do dia cobre de tristeza o tempo que se arrasta,
A temperatura mantém-se amena pela cobertura das nuvens,
A tristeza oprime o coração pela presença que falta...

A chuva que cai do céu é choro copioso da alma entristecida,
Cada pingo que cai, mimetiza uma lágrima contida,
Cada momento de cinza é falta de azul e de sol,
A umidade encharca os ossos, fazendo doer a ausência!

A chuva é metáfora do que falta na vida e no viver,
É denúncia de partidas, algumas sem perspectivas,
É testemunho da necessidade de inundação que sofremos,
Cada vez que se faz árido o tempo e o espaço de amar!

Chuva, como gostaria que passasses, que deixasses,
Brilhar o sol na terra que me cerca, fecunda,
Que permitisses que amor vencesse distâncias,
Que na tepidez da tarde se lançasse aos braços, beijos!

Mas o que me resta, são chuvas copiosas, intensas,
Marcando a falta e a distância de tudo quanto quero,
Que marcam a ausência das vidas construídas, dos sonhos,
Tão intensamente vividos em tempos imemoriais, recentes!

A chuva açoita o caminho, o corpo, a alma, a vida...
A chuva açoita as lembranças, trazendo feridas...
A chuva açoita, sangra, entristece, isola...
A chuva! Ah, a chuva, chove em minh’alma!

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