Disse o bibliófilo Jules Janin...
“Muitos homens não deixaram,
Outra oração fúnebre, senão,
O catálogo de sua biblioteca!”
Penso sempre sobre minhas histórias,
Tantas histórias, quantas vezes contadas,
Todas emolduradas pela angústia permanente,
De fazer-se crer para além das faltas...
Imagino cada quadro da vida, assim, emoldurado,
Pela presença constante de amores apaixonados,
Pela ausência sentida e sofrida, do outro
enamorado,
Mas sempre em busca do lugar certo, acalentado!
Não sou de acreditar em hagiografias, não as
tolero,
Todo o morto torna-se santo, todo morto, sério,
De todos, anunciamos sentimentos de falta,
E sempre há alguém para fazer o discurso, oco!
Assim, mais santo do pau-oco, cheio de misérias,
Transbordante de angústias, ávido de dias,
Tenho, apenas para mim, minha história, talvez,
Ainda mais histórias que as vividas e pensadas!
Tenho uma certeza, que não supera dúvida razoável,
De que não tenho a necessidade, nem o interesse
tenho,
De uma descrição biográfica dos fatos que não me
dizem,
Mas certo estou, tenho uma biblioteca!
E tão pleno, tão feliz, tão inteiro fico,
Cada vez que olho, incansável olhar,
O horizonte de meus livros, que dizem,
Mais de mim do que saberia contar...
E assim, se quiseres me ler, de saber...
Olha com atenção meus livros, minhas letras,
Olha com cuidado o que escrevo e o que leio,
Terás com certeza resumo improvável...
O passado, nada mais que uma releitura infinita,
Falando de coisas diferentes, sempre que contado,
Rico de esquecimentos desejados e de lembranças,
Antes fabricadas que vividas de maneira sincera!
Não, não tenho muito o que contar sobre mim,
Que não esteja contido em cada verso que escrevi,
Em cada página que li, em cada livro que guardei,
Para ser, todo o sempre, minha oração fúnebre!
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