EUA, 2012. Direção: Seth MacFarlane. Com: Mark
Wahlberg, Mila Kunis e Seth MacFarlane.
Ted, o urso de pelúcia de John, ganha vida e eles
viram melhores amigos. Já adulto, John mora com Ted, que passou a apreciar
maconha e garotas. John fica entre a amizade e o namoro. 106 min. Não
recomendado para menores de 16 anos.
Um filme inteligente que coloca a realidade da
vida masculina, da visão de mundo do homem. TED nada mais é que o companheiro
do eterno crianção John, como o próprio companheiro de Garfield. TED é um
arquétipo, os conflitos com as mulheres são os conflitos reais que vivemos, as
dúvidas que permeiam as relações entre os sexos, e as abomináveis condições e
sujeições femininas. John e TED fazem uma dupla onde a vida se mostra leve,
gratuita, livre, como é a vida do homem em contraste com a vida feminina, opressiva
e obcecada por conceitos e rótulos! O filme é antes de tudo uma alegoria das
relações de "gênero", bem humorada e leve. Vale a pena ver!
Importante lembrar que o filme de Seth Mac
Farlane, conhecido por fazer séries de animação, estreou no cinema como diretor
cinematográfico com este filme leve e interessante como análise das relações de
gênero. Está marcado por um saudável humor politicamente incorreto, e portanto
não é indicado para menores de 16 anos, como acertadamente foi rotulado pela
indicação. Devemos observar que o Protógenes, aquele deputado eleito pelos
votos do Tiririca levou seu filho de 11 anos, contra a indicação, e depois quis
proibir a exibição do filme. A cara de um deputado “tiririca” no mau sentido!
Ted é um ursinho de pelúcia que faz o papel de
amigo imaginário de um jovem solitário, e que por não ter amigos acaba por dar
vida ao ursinho que ganhou. O convencimento do público de que a vida de Ted é
uma possibilidade real, é um dos encantamentos do filme, porque Ted pode ser
qualquer dos amigos de nossos filhos adolescente, ou todos eles. Ted faz o que
todos nós homens gostaríamos de fazer, ele é o que pensamos, sem os limites
impostos pela falsa moralidade.
Ted e John envelhecem, porém, nunca deixam, como
todos os homens, de ser crianças, seu brinquedos mudam, mas eles permanecem na
eterna infância masculina. Fumar maconha, beber cerveja, falar palavrões, criar
jogos grotescos, desejar todas as mulheres, faz parte do universo lúdico
masculino que o feminismo e a hipocrisia politicamente correta, quer
suprimir, mas só faz esconder.
Lori, por quem John é apaixonado espera antes de
tudo estabelecer uma relação madura e exclusiva, corretamente conceituada e
rotulada, como toda mulher deseja. É bem sucedida no trabalho e suporta as
investidas do chefe, um esnobe, que brinca com sua funcionária num jogo de
sedução, a resistência feminina ao assédio se contrapõe à leveza da insana irresponsabilidade masculina, que não consegue misturar o que é separado afetivamente.
MacFarlane dirige, escreve o roteiro e empresta a
voz ao personagem título, por óbvio revivento arquetipicamente as suas próprias
experiências com os personagens imaginários do mundo masculino. É um feliz e
alegre longa metragem que tem tudo para agradar o espectador. Curioso e
divertido chega a emocionar o público fazendo-o aceitar, não só a possibilidade
do relacionamento de John com TED como ainda fazer o público penalizar-se com a
morte deste e torcer para que no final, Lori o traga novamente a vida, posto
que a masculinidade, a alegria e a vida de John, se esvaziam sem sua juventude
atávica. O encontro com Flash Gordon é ponto alto do filme e paradigmático para
os meninos de todas as idades.
O filme tem ainda a boa fotografia de Michel
Barret, posicionando bem a câmara para aproveitar os encantamentos da histórica
Boston, conseguindo tornar Ted parte da paisagem de maneira plausível e nada
forçada. A trilha sonora de Walter Murphy é um destaque positivo e agradável e
a produção é exemplo perfeito de como a imaginação pode se apresentar livre de
limites e barreiras, sem se tornar grotesca.
Pessoas talentosas, que sabem bem executar uma
ideia brilhante, leve e alegre, conseguem transformar o imponderável em algo
agradável e no limite muito educativo sobre a natureza dos homens. Digo Homens
de verdade, aqueles que nunca se esmeram para parecer-se superficialmente
maduros!
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