Falta-me
ar, não consigo respirar,
Porque
não estou aqui, mas alhures.
Falta-me
ar, porque não posso sair,
Das
cadeias invisíveis que teci em mim!
Falta-me
desesperadamente o ar,
Que
me permita pensar o existir,
Para
além da necessidade de comer,
Para
além da necessidade de dormir,
Para
além da necessidade de beber,
Para
além da necessidade de sobreviver!
Falta-me
ar para criar no mundo,
A
imagem e semelhança do que sinto,
Para
fazer-me demiurgo, do que escrevo,
Nas
praias ao raiar do sol, apenas eu,
Passos
incertos, gravetos, palavras lavadas!
Falta-me
ar para enchendo pulmões gritar,
Meus
filhos, cada nome, em cada canto,
Todos
os que habitam meu coração, todos,
Que
explodem em verdades ditas e não ditas!
Falta-me
ar, talvez coragem, talvez força,
Falta-me
a esperteza de sair descalço, despido,
Andando
mundo, em toda a extensão pensada,
Para
ser apenas corpo, mente, palavras, soltas!
Falta-me
ar, sufoco, e morro aos poucos,
Tão
aos poucos e lentamente, que dilacero-me,
Decomponho-me,
e continuo parecendo inteiro,
Mas
não sou mais do que restos do que poderia ser!
Não
sou mais do que apenas a falta de ar que me aflige!
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