Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Ahriman





Todos tentamos descobrir a divindade no humano, seu surgimento miraculoso, criado, especial e único.
O grande salto que nos separa do resto da criação, é apenas nossa consciência aguda do devir, e neste, a ideia inexorável da morte. Pouca diferença faz, Homo paniscus, Homo troglodytes ou Homo sapiens. Todos estamos numa pequena jaula, jogada num cato do Universo, sem que tenhamos qualquer objetivo, qualquer finalidade, a não ser reconhecer o poder de Ahriman.
O sofrimento é do que se alimenta um deus de abandono, um deus de sofrimento, que se diverte com animais, bestas ensandecidas q      ue matam por riqueza, poder, mas mais absurdo, matam por piedade!
Sim, o demiurgo das trevas há de ter criado este pequeno e infernal grão de areia, onde penam criaturas desprovidas de sentido, mas condenadas a ter consciência da inexorável finitude. Absurda, incompreensível, inexplicável e miserável.
Sim, apenas nós, sapiens, sabemos que vamos morrer, que precisamos morrer, porque sem a morte, a única coisa que faria sentido, o tempo, deixaria de ter qualquer sentido, e seria uma condenação ao absurdo de uma eternidade vazia, desprovida de sentido.
Somos os únicos na face da terra, jaula azul, a nós destinada pelo demiurgo, que temos o desejo de perpetuarmo-nos, de eternizarmo-nos, e para quê?
Crimes, solidão, sofrimento, doenças, ausências, partidas, abandonos, são o que nos legaram os demiurgos criadores de uma existência frágil, regada e compreendida por um cérebro imenso, insano, que só coida de sua auto-perpetuação, sem compreender a impossibilidade da própria prisão alimentar a todos que querem se eternizar!
A alegria é o engodo, o engano insuspeitado de nossa incrível inconsciência da nulidade do existir!
Queria ser paniscus, troglodytes, sem que me enjaulassem dentro da jaula em que vivemos, porque é imoral, hediondo, pesquisar a eternidade às custas da finitude dos que dela não têm consciência!

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