Karl Kraus escreveu:
“Vi um poeta
correndo atrás de uma borboleta num gramado. Ele pôs a rede sobre um banco em
que um garoto lia um livro. É uma infelicidade que normalmente seja o
contrário.”
Somos culpados sim,
de que hoje não haja pelo menos a possibilidade de que em cada criança pudesse
estar escondido um poeta, estamos criando um mundo de caçadores de borboletas.
Talvez pior, estamos
criando um mundo de sujeitos alienados em telas de videogames que estimulam o
autismo insensato. Lutas, destruição, desenhos que absolutamente não permitem o
surgimento de nenhum verso, incapazes de permitir que o sujeito se liberte da escravidão
do pronto e do imediato!
Horas perdidas na
frente de uma tela estéril na busca de vencer etapas ilógicas e estúpidas,
desenhos que diluem os valores culturais e estéticos do Ocidente, sem substituir-lhes
por qualquer outro valor que produza beleza e humanidade.
Há quarenta mil anos
o Homo erectus absolutamente
semelhante anatomicamente a nós, tornou-se sapiens,
não por qualquer outro motivo que um grande salto. Qual grande salto? O da
Cultura.
Cultura como
construção de valores, atribuição de significados, o surgimento da preocupação
com a consequência da ação.
No entanto o século
XX nos legou uma vertiginosa evolução técnica, que avança desprezando todos os
nossos valores, diluindo nossa cultura em lugares comuns estéreis.
A técnica pela
técnica, retrocedemos a passos largos para voltarmos a ser apenas Homo habilis, momento em que não haverá
mais poetas, nem sequer caçadores de
borboletas, apenas apertadores de miseráveis botões, vidrados em telas
inexpressivas, esterilizantes e massificadoras!
Adeus à imaginação,
adeus à magia, adeus ao belo e ao humano!
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