Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

O Poeta e as borboletas



Karl Kraus escreveu:

“Vi um poeta correndo atrás de uma borboleta num gramado. Ele pôs a rede sobre um banco em que um garoto lia um livro. É uma infelicidade que normalmente seja o contrário.”

Somos culpados sim, de que hoje não haja pelo menos a possibilidade de que em cada criança pudesse estar escondido um poeta, estamos criando um mundo de caçadores de borboletas.
Talvez pior, estamos criando um mundo de sujeitos alienados em telas de videogames que estimulam o autismo insensato. Lutas, destruição, desenhos que absolutamente não permitem o surgimento de nenhum verso, incapazes de permitir que o sujeito se liberte da escravidão do pronto e do imediato!
Horas perdidas na frente de uma tela estéril na busca de vencer etapas ilógicas e estúpidas, desenhos que diluem os valores culturais e estéticos do Ocidente, sem substituir-lhes por qualquer outro valor que produza beleza e humanidade.
Há quarenta mil anos o Homo erectus absolutamente semelhante anatomicamente a nós, tornou-se sapiens, não por qualquer outro motivo que um grande salto. Qual grande salto? O da Cultura.
Cultura como construção de valores, atribuição de significados, o surgimento da preocupação com a consequência da ação.
No entanto o século XX nos legou uma vertiginosa evolução técnica, que avança desprezando todos os nossos valores, diluindo nossa cultura em lugares comuns estéreis.
A técnica pela técnica, retrocedemos a passos largos para voltarmos a ser apenas Homo habilis, momento em que não haverá mais poetas, nem sequer caçadores  de borboletas, apenas apertadores de miseráveis botões, vidrados em telas inexpressivas, esterilizantes e massificadoras!
Adeus à imaginação, adeus à magia, adeus ao belo e ao humano!


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