Tornamos o mundo, um mundo de ruídos, de gritos,
de agressões aos ouvidos, porque somos incapazes do silêncio.
O silêncio nos obriga a pensar, e pensar é o ato
mais doloroso que praticamos! Um ato que nos faz abrir chagas em nossas
certezas estúpidas e vãs! Pensar desfaz certezas, dissolve qual ácido os dogmas
de nossas estultas teologias.
O silêncio é o ácido que dilui num mesmo
caldeirão a fé, a crença, o deísta, o teísta e o ateu! O silêncio faz com que
façamos a descoberta do tormento que é fazerem-se perguntas, que se perpetuam,
porque poucas têm resposta para além do que acreditamos. E sempre acreditamos
de uma forma tão frágil, que essas não resistem a qualquer raciocínio mais
elaborado. Nossas certezas não resistem a uma receita de fazer bolo!
Tolos os homens que se matam por suas crenças,
morrem por sua estupidez, morrem porque se despem da capacidade de pensar!
Basta um pensamento para que todas as armas silenciem! Basta um pequeno grau de
humanidade, de compreensão de uma finitude absurda, para que todos os homens
calem suas bestas de fazer guerra!
Cumprir ordens é despir-se da humanidade, frágil
humanidade que se dissolve na banalidade do mal, exercida pelo comando de um
estúpido crente de suas certezas!
Para dissolver todos os saberes, basta que um
homem pense, que uma mulher filosofe, que um homem e uma mulher quebrem o
silêncio cantando a finitude da existência, e a ambiguidade do amor!
Se deus tivesse pensado, não teria criado o
mundo, porque o absurdo seria acreditar que ao pensar a existência deste mundo,
sentiria dor, incompatível com sua beatífica palavra!
Não, não acredito que deus não existe! Não, não
acredito que deus existe! Acredito que existo e que o silêncio me perturba me
faz sofrer todos os sofrimentos da humanidade, porque penso, e ao pensar, peno
com as dores de todos os homens que morrem pelas mais absurdas causas, ou por
causa nenhuma, o que é ainda mais hediondo! Morrem de fome e de sede.
Fome de prazer, fome de arte, fome de existir
para si mesmos, sede de que se lhes não obrigue a acreditar no que não querem
sede de liberdade, a liberdade que me permite viver e deixar viver, o quanto
seja possível, até que chegue a hora do inexorável basta, hora esta que
pertence tão e exclusivamente a mim!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sentir, Pensar, Expressar! A Intenet tornou possível a qualquer homem, a qualquer mulher, expressar tão livremente seu pensamento e seus sentimentos, quanto o são em realação ao seu existir! Eis o resultado!