Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

João





Apenas João, olhos azuis,
Mãos fortes, acolhedor,
Voz macia, sempre um sorriso,
Paz no coração, meigo, apesar de grande,
Maior aos olhos daquela criança que o olhava,
Sempre com interesse!

Usava a mesa de carpintaria, donde,
Sempre vinha o perfume da madeira,
Escolhida com esmero, para fazer,
Objetos que se prestavam a auxiliar os homens,
Auxiliar as mulheres, nos seus afazeres.

Seu colo, imenso colo, sentado aos joelhos,
Acarinhado, recebendo um pedaço de papelão,
Que se transformava num Fusca 69 vermelho,
Ou numa Kombi, também vermelha, 69!

Deixaram de existir fuscas vermelhos há muito tempo,
Agora, inexorável, o tempo faz sumir também as kombis,
Mas você João, partiu a tanto tempo,
Sem saber a imensa dor que deixou,
A imensa falta que sempre fez,
Com a falta de teu colo, com a falta de teu carinho!

Mais do que tudo isso, deixas-te o mundo sem um carpinteiro,
Legou-lhe um ensandecido sofredor de tua falta!

João, ainda leio a oração que escreveu a lápis,
Ainda a tenho, mas, mais que ela,
Tenho a lembrança de teu colo,
Tenho a falta que me faz, cada dia,
Todos os dias, desde que partiu, para a terra do esquecimento!

Negarei sempre este teu último repouso, enquanto eu mesmo,
Não habitar a terra do esquecimento, onde finalmente,
Compartilharemos juntos, do mesmo espaço-tempo,
Onde poderei ficar no teu colo,
para sempre!

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