Não consigo conter o riso
quando assisto às distopias que se propagam no início do século XXI. Parece-me
patético que o homem após ter incensado tanto a razão permaneça obnubilado por
contemplar-se como o ápice da criação.
Em 1969 o homem conquistou a superfície da lua. Colocou seus pés sobre a areia que recobre o satélite
natural da Terra e, sem o saber muito por quê, do alto de sua arrogância,
comunicou que seu primeiro passo era pequeno para o homem mas, gigante para a
humanidade.
Mesmo reconhecendo que do
ponto de vista tecnológico a façanha tenha tido um significado estupendo, na prática era apenas uma busca de marcar a
hegemonia de um modelo de sociedade, o capitalismo, sobre outro, o socialismo.
Não nos apercebemos que tanto um sistema, quanto o outro, amparavam, como
amparam, seus sucessos sobre milhares de cadáveres, sobre a morte, a fome, a
privação e a doença de milhões de seres humanos.
Recordo-me que naquele
tempo o custo de um míssil com ogiva nuclear, fosse americano, fosse soviético,
era capaz de alimentar mais de 3 milhões de pessoas na Etiópia, que perdia
igual número de habitantes decorrente da forme e da miséria a cada ano.
Hoje ficamos imaginando
conquistar de planetas no sistema solar, e mesmo fora dele, e os cientistas “brilhantes”
fazem perspicazes comentários sobre a dificuldade de adaptação do corpo humano
às condições adversas do Universo, e das consequências que daí resultam ao
organismo.
Como podemos conceber que tais condições são adversas, se somos criados para as condições onde surgimos, evoluímos e nos desenvolvemos?
Mas, o curioso, é que nós
humanos somos corpos extremamente bem adaptados e construídos para a
sobrevivência sobre este minúsculo planeta, somos selecionados de maneira
gradual, lenta, primorosa e em 3 milhões de anos, surgimos e evoluímos para
várias espécies e subespécies de primatas que desceram das árvores para a
estepe, do vegetarianismo para uma condição onívora que nos permitiu cérebros
avantajados.
Não somos construídos
para outros tipos de gravidade, ou para outros tipos de atmosfera onde não haja
abundância de nitrogênio e oxigênio para respirar.
Assim, é insana e
pretensiosa a perspectiva de conquistar outros planetas e considerar possível
que nossa forma e nossa maneira de viver e sentir permaneçam as mesmas.
Se, em algum tempo,
houver a possibilidade de habitar qualquer outro planeta que não nossa Terra, o
ser humano resultante será outro. Será selecionado para as novas condições, e se
sobreviver, terá uma forma de percepção, sensibilidade, compreensão da realidade e uma
identidade outra.
Conquistamos a Lua sim,
mas apenas para fazer propaganda de um modelo de organização contra outro. Não
ganhamos nada ao pisar lá, e talvez, se tivéssemos ficado com as novelas de
Jules Verne, teríamos feito melhor do que encher o espaço em torno da Terra com
milhares de restos metálicos que transformam nosso entorno num cinturão de lixo
espacial.
Não percebemos ainda que
é questão de tempo ter de calcular onde colocar os satélites para que não
trombem com o que já despejamos de restos sobre a atmosfera de nosso planeta.
Seremos extintos neste
pequeno planeta, mas isto é parte do projeto, é parte da história da própria
vida. Nossos irmãos Australopitecos, Pitecantropos, Neanterthais, todos eles
deixaram de existir. Estamos liquidando nossos primos chimpanzés, orangotangos,
gorilas e bonobos.
Por que haveríamos nós de
sobreviver?
Ah, sim! Somos a imagem e
semelhança do Criador! É verdade, indiscutível. Mas, na medida em que ele
permitiu, dentro de suas leis perfeitas e imutáveis, surgidas de seu Verbo, de
seu agir Criador, que surgíssemos e nos multiplicássemos, nossa extinção está
também determinada para que haja a preservação da vida!
Como diz Umberto Eco, não
há dúvidas de que o homem chegou à Lua, já que se assim não fosse, os
soviéticos seriam os primeiros a denunciar o engodo. A questão é, para quê?
De outra forma, lutar
contra o aquecimento global é realmente um discurso moderno e interessante,
além de mobilizar muitos bilhões de dólares. Interessante é perceber que para
cada solução encontrada, apresentar-se-á um novo problema, porque afinal, nós
somos o problema. Nós, as criaturas que subjugaram Gaia, corromperam-na para a
satisfação de seus desejos egoístas e que agora somos escravos de nossa própria
concupiscência.
Sim, a tecnologia nos escraviza
e nos coloca na condição de servos voluntários de nossos próprios fornos
crematórios.
Chegamos à Lua, e agora?