Sentia-me como um velho caminhão,
Um velho caminhão vermelho,
Que trafegava, lerdo e barulhento,
Pelas mesmas ruas de calçamento gasto!
Imaginava-me carregando, pedras,
Pesadas pedras de cantaria,
Todas marcadas pelo cinzel descuidado...
De um pedreiro desiludido de seu viver!
O próprio desenho do caminhão,
Cansado dos anos, com o vermelho desbotado,
As rodas com as marcas de montagem,
Com as marcas do tempo perdido...
Sentia-me ali, conduzido, levado,
Por aqueles casarões envelhecidos,
Pelos telhados instáveis, caóticos...
Sentia-me ali, perdido no tempo!
Minha vida se reduzia, se espelhava,
Naquela imagem do caminhão vermelho,
No meio da rua, indo a lugar algum,
Com o condutor em espanto, apanhado a dirigir...
E eu, sem rumo, preso na fotografia,
Até que, não mais que de surpresa,
Algo tão estupendo aconteceu,
E já não vejo mais o caminhão vermelho!
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