Guardo
aqui, em algum canto,
Em muitos
cantos,
Umas fotografias,
que...
Dizem de
mim, dizem de meu passado!
Guardo
aqui, muito bem guardadas,
Fotografias,
emudecidas, já não falam seus personagens,
Alguns, já
nem respiram...
Outros, não
serei mais capaz de encontrar,
Meu consolo,
é que aqui estão elas guardadas,
Preservadas
do tempo, como provas,
De que
existi, e que existiram em mim,
O papel
grosso, opaco, em escala de cinza,
Dizem da
preciosidade que são estas fotos,
Que sei
sempre onde estão,
Porque outros
antes de mim, as guardavam,
Como se
tesouros fossem!
Encontro
nelas meus pais,
Estes quando
casavam, jovens,
Sorridentes,
promitentes...
Encontro
nelas, meu pai, orgulhoso,
Segurando-me
no colo, como troféu,
Hoje,
maior do que ele,
Seria incapaz
de equilibrar-me,
Naquele colo
poderoso...
Desconsolação...
Constatação
de que hoje,
Fazemos milhares
de fotos,
Frágeis,
casuais, inexpressivas,
Sem conteúdo,
sem sentimento,
Que se
perdem, em cartões de memória,
Em HDs
que se desfazem,
Computadores
obsoletizados,
Em milhares
de pastas de ficheiros,
De imagens,
que já nem sabemos quem são,,,
Desconsolação...
Sentimento
de desamparo,
De não
mais pertencimento,
De esquecimento,
imperdoável do que somos,
Do que
vivemos, e do nosso existir.
Tornamos
troféus da memória,
Em banalidades
descartáveis,
Apenas expressão
de nossa avidez,
Boçal avidez
pela fugacidade do momento,
Numa perpetuação
da falta de sentido,
De uma
vida, cada vez mais,
Desconsolada!
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