Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Perspicácia




No mundo existem,
Vagam penosamente,
Almas completas,
Almas incompletas,
Mas cada uma,
Encontra, em algum lugar,
Encontra, em algum tempo,
Outr’alma, que com ela comunga,
De seus desejos,
De suas aspirações,
De suas ausências
De suas permanências,
Mas há que...
Sempre há que...
Usar de uma qualidade,
Perdida,
Esquecida,
Discreta,
Humilde,
A perspicácia,
De perceber que...
Tenho de entrar,
Em algumas vidas,
Pela porta da frente,
Batendo de leve em sua porta,
Entrando de mansinho,
Em outras...
Arrombando a porta,
Devastando o espaço e o tempo,
À minha passagem,
Em outras sorrateiramente,
Pela porta dos fundos,
Ou ainda, discretamente,
Pela janela do quarto,
Mas com certeza,
Se entrar,
Como um elefante,
Numa loja de cristais,
Onde tudo está suspenso,
No ar, como delicados pingos,
De cristais, ainda mais frágeis,
Que as gotas de chuva,
Com certeza,
Transformarei tudo em cacos,
Que mesmo,
Reunidos,
Laboriosamente, juntados,
Nunca formarão o contorno,
Da alma, tão desejada.

Basta que nesta manhã,
Ao abrir os olhos,
Perceba mais a urgência do outro,
Que minhas próprias urgências,
Basta, que por um só segundo,
O outro, que digo amar,
Seja mais importante,
Do que a urgência do amante.

Se acredito bela uma flor,
A arranco, carregando-a comigo,
Apenas, matei uma flor,
Se a fotografo, a adubo,
Conto ao mundo sua presença,
Ela não só permanece viva,
Mas todos que desejarem,
Podem então, satisfazer-se...
Em sua beleza,
Em sua permanência.

Para isso,
Basta...
Perspicácia,
De dar...
Tão somente e simplesmente um...

Bom dia!

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