Surpresa

A surpresa,

Sentida como presença,

A marca daquele que entrou,

E saiu de nossas vidas,

Sem deixar, a marca,

Que gostaríamos tivesse deixado!

A surpresa,

É saber e sentir,

Que a presença do outro não se desfaz,

Não se desmancha no tempo,

Porque ainda presente,

No sentimento que nos ligou,

Por compaixão,

Por carinho,

Por amor,

Desde o instante que desejamos.

A surpresa,

É sentir o desejo de cruzar,

Oceanos, mares, céus,

Para um reencontro,

Que talvez nem encontro permita,

Mas que marque,

No palpitar do coração,

A esperança...

Do beijo,

Da ternura,

Do abraço,

Do olhar,

De todas as promessas,

Irrealizadas, por realizar,

Que ficam guardadas,

Acarinhadas...

No coração do que,

Deseja fazer-se amar!

A surpresa,

É saber o outro,

Ilhado pela língua incompreensível,

Ilhado pela sua tristeza,

Ilhado pela sua incerteza,

De um retorno, sem tempo,

De um retorno, sem lugar,

De um retorno, alheio,

Alheio de si, alheio do mundo,

Porque, inconformado com as dores,

Incertezas e desencontros,

Do que um dia acreditou, ser...

Seu destino.

Mas mesmo a garrafa,

Que vaga com a mensagem perdida,

Que não tem tempo,

Que não tem espaço,

Que não tem destino,

Encontra sim, o seu porto,

Um porto de destino,

Que pode ser qualquer porto,

Qualquer destino,

Em qualquer lugar,

Mas, que desejo...

Seja tão próximo,

Que possa se confundir comigo,

Na medida em que,

A carta, dentro da garrafa,

Desejo tenha sido escrita,

Por minhas mãos!

A surpresa,

É que posso ser encantado,

Com a voz em mandarim,

Com a voz do silêncio,

Que apenas reproduzem,

Os olhos e a pele,

A beleza e a terna dúvida,

Da mensagem que abro,

Da mensagem perdida,

Dentro de uma garrafa.

A surpresa,

Que a garrafa não é mais de vidro,

Que a mensagem não é mais de papel,

Que não navega mais pelos mares,

Mas que aportou na praia,

Deste coração,

Que agora, só deseja,

Ser a pousada,

O último destino,

Desta mensagem,

Tão aventureira,

Tão venturosa,

Tão sem destino!