Vem...
Vem...
Estou aqui
sozinho, perdido,
A noite
como um mausoléu me envolve,
Em delícias,
que só fazem sentido em você!
Andamos de
mãos dadas nos sonhos,
Que tenho
todos os dias,
Andamos,
como almas gêmeas,
Que se
confundem, sem perder,
As silhuetas
distintas,
Que vagam,
Flanam,
Voam,
Pairam,
Como nenúfares,
Perdidos no
Rio atravessado por Caronte...
Barqueiro,
Todos os
dias, pede-me moedas,
Não tas
dou,
Por que?
Não hei de
partir sem antes, amar,
A mais
bela,
Mas uma
sombra ainda me persegue,
Como mancha...
No muro,
Na calçada,
Na estrada,
Que se
perde,
No horizonte,
Para além
de Hades...
Escuto,
Escuto,
Escuto...
Meu coração
bate,
Ao som de
Scheherazade,
Sim, tu és
a princesa,
Sinfonicamente
traduzida,
Mas onde
estás,
No silêncio,
No ruído da
chuva,
No gemido,
No vagido,
Onde estás?
Agora sei..
Onde está
tua sombra,
Se não a
encontro,
Ou te
fundistes em mim,
Ou te
esfumas,
Como a
fumaça da chaminé,
Que denuncia,
O aquecimento
do ar,
Produzido pela
destruição,
De todas as
promessa,
De todos os
escritos,
De todas as
esperanças,
Destruídas,
Pelo fogo
ritual,
De uma
paixão,
Inacabada,
Inacabável!
Lanço-me
pelo Volga,
Alcanço os
Urais,
Despejo-me
em Pripet,
Danço em
Masúria,
Perco-me na
face oculta da lua,
Sem nunca
ter,
Saído da
calçada,
Onde cego,
Apalpo o
tempo,
Corro a
ausência de espaço,
Suspiro os
passos,
Apenas para
gritar em silêncio,
Teu nome,
Que todos
os homens,
Não podem
ouvir,
Que todas
as mulheres,
Emudecem...
Diluí-me em
teus véus,
Sumi...
Sumi...
Sumi...
Entre tuas
pernas,
Dilui-me em
teu ventre,
Escorro pelo
Vístula,
Derreto nos
Alpes,
Para perder-me
no Danúbio...
Escondo-me
em teu seio,
Para perder-me
de mim,
Fundido em
você...
Atormenta-me
a sombra,
No muro...
Que não
nega,
Meu existir...
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