A Espada de Dâmocles, livro de
Wilma Peres Costa, editado em 1996 pela Editora Hucitec, a partir de uma tese
de doutorado, é sem dúvidas um marco para a compreensão de como se construiu
originalmente a estrutura do Exército nacional brasileiro. Ao contrário dos
mitos divulgados, o exército brasileiro vai se consolidar como arma
profissional só a partir da década de 50 do século XIX. O Exército que lutou
pela independência do Brasil em 1822 e 1824, e aquele que foi derrotado na
Guerra da Cisplatina, quando se deu a secessão da República Oriental do
Uruguai, era ainda um exército colonial, com uma clivagem clara entre nacionais
e os lusitanos e mercenários. Tal força foi durante o império a única
instituição burocrática que se constituiu a partir do conceito de mérito. Paradoxalmente,
ele foi sempre enfraquecido pela elite agrária que temia o seu fortalecimento e
sua profissionalização, o que permitiria o fortalecimento do Estado e do Poder
Moderador. O Exército revoltar-se-á contra o Império, e ao derrubá-lo, torna-se
força política organizada, sempre temido e desprezado pelo estamento civil.
Nada mudou, ou seja, passamos por vários golpes, revoltas, e movimentos
batizados de revolução, para que tudo permanecesse como dantes!
Um excelente livro, de leitura
agradável, com uma imensa gama de informações, criterioso, academicamente
irretocável. Está esgotado, mas podem ser encontrados bons volumes nos sebos.
Espero que uma nova Editora se interesse por este texto fundamental!
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