A obsessão antitabagista!

Como diz João Pereira Coutinho a Big Apple, a maravilhosa New York deu-nos a música de Stephen Sondheim, os combates de Rocky Marciano, os filmes de Woody Allen e muitos outros artistas e espetáculos que escreveram páginas definitivas da história da arte e da cultura.

Mas como ele nos lembra  também trouxe ao mundo político o prefeito Michael Bloomberg, um caso único de fanatismo antitabagista que diverte e comove ao mesmo tempo, porque demonstra como a preocupação política com a saúde pública pode se tornar uma obsessão e uma invasão da privacidade do cidadão.

Hoje o político vislumbra a possibilidade de proibir o tabaco inclusive em praças e calçadas públicas, propondo como possibilidade, proibi-lo nos lares particulares, o que seria uma invasão da privacidade inaceitável numa sociedade livre.

Lembramos que apenas na União Soviética é que foi possível que os vizinhos ou mesmos os filhos se tornassem delatores das famílias que não cumpriam as normas determinadas do Estado, porque impossível que se coloque um fiscal ou policial na casa de cada fumante recalcitrante à proibição absolutamente estúpida!

É curioso que a proibição do uso do tabaco em certos lugares e situações que inicialmente estavam relacionadas com a saúde e a sanidade alheia, passou a constituir-se pretexto para as mais diversas intervenções do poder público na esfera privada, tornando o usuário do tabaco num verdadeiro inimigo da sociedade, tornando-o um pária da sociedade, e fazendo dos politicamente corretos verdadeiros guerrilheiros contra a liberdade de escolha!

Não sou a favor do uso do tabaco, considero que beijar alguém que fuma muito é como lamber um cinzeiro, e que o cheiro do tabaco na roupa e nos cabelos de uma mulher são um “broxante” infalível, no entanto, não podemos fazer de nossas escolhas, escolhas universais.

É vergonhoso como são tratados os fumantes hoje, leis que os obrigam a ficar na calçada porque impossível fumar nos lugares públicos de prestação de serviços de alimentação e diversão, tornam as calçadas os locais mais animados e divertidos para passar a noite.

Absurdo ainda que não possa haver espaços reservados aos fumantes, porque se o problema é a saúde pública, e não nego que havia muitos fumantes mal educados, que faziam questão de acender um cigarro atrás do outro enquanto fazíamos a nossa refeição, e tragavam soltando a fumaça sobre nossos alimentos. No entanto, se as pessoas gostam de fumar e têm amigos que gostam do cheiro e não se incomodam com a fumaça, não sou eu que vou obrigar os outros a não fumar.

Outra questão é que os fumantes já são imensamente penalizados pelos impostos que pagam num produto mal-cheiroso, pestilento e possivelmente nocivo até o câncer! Cada um deve decidir sobre sua saúde, sobre o que lhe convém. Comer gordura faz mal, proíba-se; comer queijos faz mal, proíba-se; comer ovos faz mal, proíba-se. Até que se torne um crime ser gordo ou excessivamente magro!

Não podemos mais ser apenas humanos? Normalmente humanos? Com nossos vícios, com nossos erros, com nossas dificuldades?

Sinceramente acredito que tudo que é obsessivo esconde um erro na sua origem que é indizível, inconfessável. Hitler proibiu o cigarro, inclusive durante a condução de veículos, e isto não o impediu de fazer vistas grossas para o aniquilamento de milhares de seres humanos. Não me parece que a preocupação descabida com a saúde pública seja minimamente razoável!

Acredito sim, que cada um deve fazer sua escolha, não recomendo o cigarro, mas não tenho absolutamente nada contra quem fuma!

Quero uma sociedade mais livre, mais leve, menos dirigista, com pessoas com menos certezas, mais dispostas a encarar os vícios das outras, como algo que pode ser tolerado. Porque para dissolver todas as más consciências, basta um grande solvente. A Tolerância!