O título acima retirado da coluna de Élio Gaspari na
FOLHA de domingo é mais um alerta, é mais um motivo de reflexão.
Alerta o jornalista que um levantamento do Ministério
da Saúde teria identificado aproximadamente 359 sites que vendem pela internet
a medicação Cytotec que todos sabemos é capaz, por suas reações adversas,
provocar o aborto. Em tais sítios da Web a medicação pode ser comprada por R$
350,00 com cinco comprimidos.
Se o Ministério da Saúde encontrou 359 sítios que vendem
a droga que promete a interrupção da gravidez, podemos estar certos de que há
muitos mais. O problema não é a venda da
droga, illegal, mas que enquanto a questão da interrupção da gravidez for
mantida numa moldura teológica absolutamente inadequada num Estado que se diz
laico, a vida real teimará em escancarar para todos nós que praticar a
interrupção sempre estará ao alcance de todas as mulheres que desejam, que
necessitam ou que em seu desespero procuram uma forma de alcançar a interrupção
colocando suas próprias vidas em risco.
A história das agulhas de tricô e das sondas
intra-uterinas não são lendas, mas trágicas manobras primitivas que denunciam a
incensatez da criminalização de algo que tem como substrato a dor, a vergonha,
o medo e a culpa.
Sabemos que o maior problema hoje quando tratamos da
interrupção da gravidez é a hipocrisia e o falso moralismo de uma sociedade que
se laiciza mas, que faz questão de render tributo indigno a um Deus desapiedado
de nossa humanidade.
Enquanto a democracia cobrar o seu preço na ignorância
do eleitor, que elege pastores, que elege bancadas evangélicas numa confusão
dolorosa entre o público e o privado,
estaremos reféns da indignidade de criminalizar mulheres que interrompem
voluntariamente sua gravidez.
A indecência de termos um tipo que criminaliza a
maternidade indesejada e voluntariamente interrompida é que deforma a moral e o
caráter do povo, o que torna possível a venda de um medicamento, por R$ 350,00
cinco comprimidos.
A conta deveria ser paga por todos os que fazem lobby
contra a descriminalização do Aborto.
Deo Gratia!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sentir, Pensar, Expressar! A Intenet tornou possível a qualquer homem, a qualquer mulher, expressar tão livremente seu pensamento e seus sentimentos, quanto o são em realação ao seu existir! Eis o resultado!