Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

quarta-feira, 30 de maio de 2012

O tempo




O tempo não é uma dimensão! O tempo é apenas um sentimento, porque se estamos felizes, ele sempre é curto, se sofremos sempre longo!
O tempo não pode ser qualquer coisa mensurável, mesmo com a sucessão dos dias e das noites, porque não sei quantos dias e quantas noites gostaria de não ter vivido, mas tenho em minha mente, em meu coração todos aqueles que gostaria de ter vivido sempre!
O tempo não é o senhor da razão, mas apenas a cirurgia que estirpa, jogando na vala do esquecimento, todos os sofrimentos, todas as dores e todos os medos!
Ah! O tempo! Que me faz sofrer tua falta, indigna forma de me fazer perceber-me carente de mim mesmo, porque você é sim, a parte melhor e maior de mim mesmo! Platão o pressentiu, ao perceber que divididos pelos deuses, caminhamos ensandecidos o deserto da solidão e da ausência, na busca incansável de nós mesmos naquele outro que nos preenche!
O tempo é esta medida desmedida e insana da ausência de um pedaço de mim! Medida desmedida de uma ferida dolorosa, sangrante e exposta, que mostra minha fragilidade no espelho que reflete tua falta! Tempo, uma dimensão incompleta, uma categoria de pensamento obtusa, que nada diz!
Não vivo hoje se não estás aqui, não viverei amanhã se não existires em minha vida e, no entanto, dizem que o tempo passa! Que estamos num longínquo século XXI, que não sei quando começou, muito menos quando terminará, porque minha vida começou com o teu existir e se extingue sempre quando não está aqui!
Talvez por isso ame tanto os relógios, são objetos de arte, do engenho humano que medem o que não pode ser medido, denunciando apenas a estupidez de pensar categorias como ontem, hoje e amanhã!
Por isso quanto mais precisos e luxuosos mais caros os relógios, porque tudo que não tem nenhum sentido, é arte pela arte, ficção de um nada que se faz presente pela expressão de uma angústia, no caso dos relógios, a angústia de viver no tempo, um tempo que não existe, a não ser, quando tão perto de ti que seja incapaz de perceber a separação de nossos corpos!
Ah o tempo, quanta reflexão para perceber que não existe e por não existir aprisiona-nos no imponderável,  no nada que nos faz perceber a ausência do amado!
O tempo não é uma dimensão! O tempo é apenas um sentimento!

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