Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Morte




Não temo a morte,
Porque como Epicuro ensina,
Não a conheço,
Ela não existe para mim,
Quando existir, não estarei vivo para sabe-la!

Não, não temo a morte,
Não a busco igualmente,
Porque estúpido trocar,
A vida que me permite morrer,
Pela morte, que não me permite viver!

Não fazer algo estúpido,
Já é construir um sentido,
Quem não surge de algo dado,
Mas que se constrói no vazio do tempo!

Morrer é uma necessidade,
Morrer é uma realidade,
Sim, quero morrer,
Não agora, nem amanhã,
Nem nunca, mas...
Apenas e tão somente quando deva ser!


A certeza da morte é uma benção,
A vida pela eternidade é sofrimento,
É apenas o prolongamento da angústia!
Não, não merecemos viver para angustiar-nos!

Basta esta vida,
Uma vida,
Bem vivida,
Curta ou longa,
Construída de uma única certeza,
Acabará...
E ao acabar, terei vivido plenamente,
Se ainda tiver muito que fazer,
Se lamentar não ter feito mil coisas,
Porque viver é sempre buscar,
É sempre desafiar a inércia,
É viver para o morrer,
Morrendo sempre um pouco,
Mas apenas um pouco de cada vez,
Para que nem sinta,
Que num determinado momento,
O cálice transborda, e a vida,
Escorre,
Pelo vaso do tempo,
Inexistente tempo do viver,
Inexistente tempo do inexistir!

Sim, morro, morri um pouco ao escrever,
Mas ainda tenho muito a escrever,
Tenho certeza que a vida valeu a pena!
Viva a vida!
Viva a Morte, vivida em plenitude,
Em cada ato de respirar a caminho do último!

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