O Paraguai deverá sim questionar sua permanência no Bloco

O Mercosul sempre foi vendido como uma grande invenção dos latino-americanos para mostrar que somos capazes de construir um organismo político espelho da Comunidade Europeia.

Mas a realidade tem seu preço. Nossas sociedades são muito desiguais, nossas tradições políticas, apesar do populismo e do golpismo que herdamos após a maldita guerra do Paraguai, que introduziu no Brasil o vírus indigesto do militarismo, o Brasil, o Chile e a Colômbia sempre foram países com tradições mais sólidas que a dos outros países deste canto do mundo.

Os recentes acontecimentos no Paraguai tornam explícitos novos desdobramentos políticos mostrando o despreparo, a estupidez e a prepotência dos governos brasileiro e argentino, este último capitaneado por alguém completamente muito aquém da dignidade da nação argentina.

A suspensão do Paraguai, sem sanções econômicas, escancara o fato de que tal processo apenas se dá para que a Venezuela possa entrar pelas portas do fundo e ao arrepio das próprias normas do bloco, no Mercosul. A permanência do Paraguai irá ser politizada sim, e talvez o Brasil tenha trocado a simpatia e a aliança com o Paraguai onde há muitos interesses brasileiros em jogo, pela aliança com um país que tem se notabilizado não só por se contrapor aos interesses brasileiros, como é uma ameaça e estimula violência contra nossos direitos em outros países, como ocorreu e ocorre na Bolívia e no Equador.

Não é minimamente descente a tentativa de aprovar a Venezuela, estando suspenso o Paraguai. E mais, suspender o vizinho da UNASUL, aquela invenção abobada de Lula da Silva e de Celso Amorim, é dar a este organismo sem pé nem cabeça ares de Santa Aliança, criada por Alexandre II para unir Prússia, Rússia e Áustria-Hungria contra os processos revolucionários do século XVIII.

Sim, enquanto após o Congresso de Viena de 1815 criou-se uma União militar para preservar as cabeças coroadas da Europa, no século XXI o PT criou uma aliança para preservar e impedir que as cabeças socialistas não deixem os governos da região. O consolo é que, tanto aquela aliança não impediu as revoltas liberais do século XIX e XX, quanto a aliança daqui será incapaz de impedir que em pouco tempo sejamos capazes de varrer do cenário político brasileiro a esquerda.

Rogo apenas aos céus, que não seja necessário passar por duas imensas guerras, para que se produza por fim um espaço político que permita a liberdade, a pluralidade e a não ingerência nos assuntos internos das nações.

A diplomacia do Brasil vem se mostrando incapaz de dar ao Brasil a notoriedade que ele sem dúvidas merece. Todos até já esquecemos, que ao final do Governo Fernando Henrique Cardoso discutia-se a entrada do nosso país como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. Hoje se discute a entrada a qualquer preço da Venezuela no Mercosul.

Não sei, mas acredito que o nosso país, em algum momento, e como corolário da estupenda instrumentalização do Estado, está se tornando apenas e tão somente uma potência regional de terceira classe.

Sim, isto sim nunca antes foi visto na história deste país.

Obra com a assinatura do PT!