Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Quando te vejo Sorrir





 

Quando te vejo sorrir, o mundo fica encantado,

Quando te vejo sorrir, invade-me uma felicidade,

Quando te vejo sorrir, acredito na vida, no futuro.

Ver-te sorrir é antes de tudo imenso prazer.

Aqueles olhos, que sinto nos meus,

Que persigo em todos os lugares,

Aquele andar, que é único e perfeito,

Aquele jeito tão verdadeiro de ser e de existir,

Assim é que você me conquistou, que me tomou,

De todos os destinos, apenas, para existir em você!

Quando te vejo sorrir, meu coração se ilumina,

Meus olhos procuram desesperadamente os teus.

Então, vem, vem sorrir perto de mim, para mim,

Não esqueça de sorrir, e de sorrir tão perto de mim,

Que chegue o momento em que não haja,

Nenhum espaço, nenhum intervalo entre eu e você!

Guarde esse sorriso para realizar, em mim e em você,

Toda a medida de um amor sem medida.

Quanto te vejo sorrir, invade-me uma felicidade.

Quando te vejo sorrir, que seja para sempre... 

quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Esquecimento

 



 

Esqueci de mim, quando esqueci de você,

Não posso me amar, a não ser nos teus olhos,

Não posso me amar, a não ser na felicidade que me toca...

Quando estou com e em você!

Esqueci de mim, quando percebi que o tempo passou,

Deixou-me na estrada, e como ela, vazio,

Podem passar muitas coisas, muitas gentes,

Podem passar muitas histórias, muitas verdades,

Mas, fica a estrada vazia de mim, vazia de ti,

Se não estamos ao lado um do outro,

Se não me tocas e se não consigo te tocar!

Esqueci de mim, quando desejou esquecer de mim,

Esquecimento é apagamento da radicalidade,

Da radicalidade que chamamos de amor,

Do amor que tememos, aquele que não se apaga,

Aquele que não se esquece, aquele que não desistimos.

Esqueci de mim, e já não me encontro,

Já não me reconheço, estranho que sou ao espelho,

Aquele espelho onde nos refletimos, eu e você!

Esqueci de mim, mas não deixei de ser,

Mesmo esvaziado de você, um posso sem fundo,

Do amor que um dia habitou em nós.

 

terça-feira, 21 de outubro de 2025

Desencontro

 



 

Onde está você que não consigo te tocar,

Onde está você que não consigo te ver,

Onde está você que não consigo te ouvir?

Escolhes-te a distância, incompreensível,

Insensível e inexplicável distância...

Ausenta-se de mim, ausenta-se de si,

Esquece que há sempre uma relação,

Entre o aqui e o agora, entre ontem e amanhã,

Que esta relação é a existência de nós!

Desencontrei-me de ti, perdeu-se de mim,

No entanto a lembrança e o pensamento,

Permanecem indistintamente unidos.

A dor da ausência, a dor da solidão,

A dor da incompreensão, a dor do abandono,

Quando não conseguimos compreender a razão,

Quando não conseguimos saber o que queremos,

É dor de desencontro, é tristeza que invade a alma.

Mas, eu estou aqui e parto ao teu encontro,

Resta saber se te encontrarei lá, onde nós,

Sempre existimos, onde não há distância,

Onde há apenas encontro, sedução e amor!

Resta saber se terás coragem de me encontrar!

De fundir-se em mim, eu em você e nós...

Num sentimento eterno, num único pensamento.

Só é possível esquecer o que é desamor,

Desencontros, são abismos, sentidos como falta.

Se existe o que sentimos... amor!

segunda-feira, 20 de outubro de 2025

Anima Mundi

 



 

A alma do mundo, você...

Quão bela é a alma do mundo,

Quão verdadeira ela é,

Quando o sorriso que guarda,

Brilha no mundo que se apresenta,

Que se coloca como realidade aos sentidos.

Mas, só você sabe que é a alma do mundo,

Que se apresenta e que se nega, apenas...

Por um capricho, por uma vontade que,

Não sabe seu lugar, não sabe sua importância.

Quiçá, a alma do mundo, que ilumina tudo,

Que traz perfeição e doçura a tudo que sustém,

Saiba que sem ela, a vida se desnatura,

A realidade empalidece, e com ela,

Tudo ganha vida, ternura, beleza, encantamento.

Onde estás anima mundi, que não se apresenta,

Que não se realiza, que não acredita?

A alma do mundo guarda em si, algo que é meu,

Guarda com ela, algo que é só nosso,

Guarda uma beleza, que só existe no contato,

Da vida, dos olhos, das mãos, do coração.

Onde estás anima mundi, que esqueceste de ser,

Sustento de tudo que existe, de tudo que existiu,

Mais do que isso, de tudo que só pode existir,

Se acreditas na verdade da vida e do amor!

Onde estás anima mundi?

quinta-feira, 4 de setembro de 2025

Existo

 



 

Só existo na relação com a chama;

Só existo enquanto chama;

E como chama, queimo, torno cinzas,

Tudo quanto toco, tudo quanto sou.

Existo assim, ardendo, queimando,

Mas antes de anular-me existo,

Em toda chama que devora,

Em toda existência que se faz cinzas.

Assim, aquela que permanece em mim,

Dissolve-se na fumaça que se desprende,

Da união do eu e você,

Espalhando-se por toda a eternidade,

Em todas as chamas, em todas as cinzas,

Sem extinguir-se nunca,

Porque amor, quando amor;

É tal qual Fenix, ressurge sempre

Mais forte, mais belo, mais exuberante,

Das chamas que o consomem.

Sim, só existo como chama!

terça-feira, 14 de janeiro de 2025

O tempo e nossa perspectiva

 




Quando nos pegamos pensando no tempo percebemos, da maneira mais singela, que o tempo é uma realidade que nos diz, que o passado se afasta de nós cada vez mais com a velocidade que nossas tristezas e nossas amarguras imprimem, o futuro vem ao nosso encontro com a velocidade que nossas promessas e nossas esperanças conseguem imprimir ao nosso desejo. Mas, o presente, ora, o presente vive a angústia de querer ser agarrado, para poder ser vivido, e isso gasta toda nossa força e energia, num baldado esforço que acaba por nos deixar desamparados do passado que se alheia e do futuro, que está sempre a chegar, mas que ao ser presente, se esgota na angústia da espera.

terça-feira, 31 de dezembro de 2024

Saiba

 



 

Saiba que quando os pássaros voam,

Voam para destinos sabidos,

Onde aguardam cantos,

Onde aguardam folhas,

Onde aguardam vidas,

Onde aguardam ninhos,

Onde se mostram penas,

Onde se mostram danças,

Onde o amor se faz necessário,

Para a conquista da felicidade,

Para a conquista da eternidade,

Na conjunção de duas vontades,

Na conjunção de duas almas,

O encontro de dois corpos,

De dois desejos,

E assim como os pássaros,

Saiba que voo para você,

Para encontrar nos teus olhos,

A luz que ilumina o horizonte,

Para encontrar o ninho,

Onde me faço plenamente,

Teu amante!

Dores

 



 

 

Tantas dores que sentimos,

Sem compreender sua natureza,

Sem entender suas origens,

Mas, umas trazem a doçura do amor,

Outras, os azedumes do desamor,

Todas elas, provas de nosso existir,

Porque só há de sentir a dor,

Aquele que vive para percebê-la,

Que vive para senti-la em plenitude,

Sabendo que ao respirar,

Dói um pouco mais, do que no repouso,

Dói um pouco mais, quando do soluço.

Mas, se temos dores, se as sentimos,

Vivos estamos para carrega-las,

Vence-las, tão somente,

Para poder sorrir e sentir,

O prazer de estar vivo,

De se encontrar novamente,

Com a esperança dos corpos,

Com a esperança do gozo,

Com a esperança do amor,

Que não acaba nunca,

Quando se tem toda uma vontade,

Toda uma boa vontade,

De existir, para amar!

Ilusão

 



 

 

O mundo é ilusão ou certeza?

Será meu sentir um ocultar?

Será o que sinto e penso,

Mera projeção de um demiurgo?

Que zomba de meu sofrimento,

Que zomba de minha alegria,

Ou que se entendia,

Com toda nossa miséria,

Com toda nossa angústia,

Com toda nossa limitação?!

 

Será então tudo que sinto?

A ilusão prometida como encanto!

A ilusão oferecida como promessa!

Será então tudo que vivo,

Mera aparência, que se esgota,

Assim, no dia ou na noite,

Em que suspiramos uma última vez?

 

Mas seja o mundo ilusão,

Seja o mundo uma certeza,

Levo do mundo, a sensação,

De que em minha humilde fragilidade,

Existi, amei, sofri, chorei, ri,

Que nessa sofreguidão,

Encontrei outros como eu,

Outros tão melhores que eu,

E assim, entendi a ilusão!

Como a promessa de um intervalo,

Entre dois nadas, para construir,

Um sentido, um pequeno sentido,

O de perpetuar, verdadeiramente,

O ato de amar, criador e criatura,

Seja lá, existirmos ou sermos,

Mera ilusão!

Uma manhã

 



 

 

Todas as manhãs,

São todas tão iguais,

Apenas, porque manhãs;

Mas uma manhã;

Pode ser promessa de muitas outras

Manhãs;

Mas também a última manhã,

Então façamos desta manhã,

Uma manhã tão única,

Como se fosse a última,

Sendo antes a primeira,

De todas as manhãs,

De uma vida longa,

Porque vivida, como eterna,

Vivida como infinita,

Vivida como amizade,

Vivida como amor,

Vivida como hoje e amanhã;

Vivida como manhã.

Hoje!

Luz

 



 

Fere os olhos a luz que surge com o dia,

Fere a alma o silêncio que dela emana.

Daquela luz distante que invade a alma;

Daquela luz distante que enche de sombras.

Tantos corpos, tantas almas,

Luz, luz que ilumina, mas ensombrece,

Luz, que alumia, mas que esconde,

Luz, que empalidece pelo ofuscamento,

Luz, que irradia, quando entorpece,

Os sentidos feridos pelas curvas do teu corpo!

Fere os olhos a luz que surge com o dia,

E todos os seres acordam para mais um dia,

Escolhem a vida, negando a morte,

Energizando corpos, acendendo almas.

Mais um dia, iluminado pela luz,

De um astro tão distante,

Em cujo tempo..., oito minutos,

Basta para imaginar, toda a sombra,

Que existiria, não fosse a luz, tão medonha,

Cegar-me para tudo que não quero ver.

Luz, encantamento surgido, do sim predito.

Fere os olhos, esta luz que surge, com os dias!

Nada

 



 

Estou quase todo vazio,

Vazio de você, vazio de mim,

Vazio de tudo que importa,

E quanto mais vazio, mais pleno,

Pleno de um nada, abissal,

Que só faz sentido na solidão,

Que vivo, assim, desesperadamente,

Quando estou todo vazio,

Vazio de você, vazio de mim,

Vazio de tudo que importa,

Mas quanto mais vazio,

Mais pleno de um nada,

Abissal, estupendo, magnífico,

Que torna o vazio, pergunta,

Que torna o vazio, resposta,

Que torna o vazio, solução.

Estou quase todo vazio,

E quanto mais vazio,

Quanto mais escuro,

Quanto mais abissal,

Mais plenamente eu,

Mais desesperadamente eu,

Mais pleno da certeza,

Que desse vazio, emerge,

Um não sei que de existir,

Infinito, eterno, permanente,

E vazio, percebo que nada,

Nada me faz mais eu, que

Inexistir em você...

Demais

 



 

Demais,

Demais,

Mais que demais,

Experiência do belo,

Que encantamento faz!

 

Demais,

Repeti,

Assombrado pela beleza,

Que é encantamento,

Vivido apenas,

Na relação com o olhar,

Perdido nas profundezas,

De cada alma,

Vislumbrada,

Apenas um instante,

Não mais,

Quando contemplado,

Nas profundezas do mirar.

 

Demais,

Que demais,

Experimentar esse viver,

Apenas para tocar,

Apenas para sonhar,

Apenas para pensar,

Apenas para viver,

E então, derreter,

Desmanchar,

Extenuar-se,

Mais, que demais,

Apenas para dizer,

Sem palavras,

Num silêncio,

Interrompido,

Por um grito surdo...

 

Deus.

Feliz Ano Novo! Feliz 2025!




Cosmos... o Cosmos simplesmente não percebe, porque inexistente, a passagem do tempo, que é medida nossa. Mas... exatamente por que nossa, é única, faz promessas, traz esperanças, renova energias, enfim, entorpece nossas tristezas e abre alas a nossas alegrias e desejos. Impassível o relógio vai marcando um tempo que só faz sentido, quando vivido, como passagem, como transcendência. Hoje, podendo ser qualquer outro dia, convencionamos, todos nós, é 31 de dezembro. Amanhã, primeiro de Janeiro, do deus Janus, o bifronte que vê o passado e o futuro. Alvissaras ao novo ano, ao novo dia, às novas esperanças, às novas lutas, aos novos enfrentamentos e à escolha de viver e dar sentido a cada dia, cada novo dia, que nada mais é que mais uma volta que a Terra dá em torno de seu eixo, para mais 365 dias, terminar mais uma volta em torno de nossa estrela. Mais um ano, mais 365 promessas a se realizarem. Felicidades, sucesso, destemor, muita champanhe, alegria, ternura e felicidade neste dia, em todos os dias, pela eternidade do que vivemos. Feliz Ano Novo!!