Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

segunda-feira, 16 de outubro de 2023

Espanto


 


 

A vida é todo o tempo

Espanto,

Porque todos os dias,

Tenho uma nova história,

Tenho uma nova chance,

Tenho uma nova esperança.

 

Todos os dias são de espanto,

Porque tua beleza, que é cada dia maior,

Invade minha memória,

E não consegue dar conta,

Do que encontro, em cada encontro,

Com nossa história.

 

E de espanto em espanto,

Vivo o momento de tua ternura,

Vivo intensamente cada palavra,

Cada momento de cuidado,

De lembrança, de carinho,

Cada momento de aceitação.

 

Espanto,

Por aceitar o que não parece aceitável,

Por acreditar, no que parece inacreditável,

Por viver, o que não parece ter vida,

Espanto,

Por seres mais do que posso acreditar,

Por existires mais, do que no tempo,

Em que somos mais que um, e nunca,

Chegamos a ser dois,

Espanto,

Porque é de espanto que se faz a vida,

Improvável,

Impensável,

Inimaginável,

A não ser, na mente que se espante,

De existir,

De amar,

De persistir.

Desapego


 


 

 

Quando vejo, nos sinais que deixa,

O desapego de nossa história,

Sinto dor, sofro imensamente,

De um abandono que se anuncia.

 

Quando percebo, nos passos que deixa,

Que caminhas para longe, de nós,

Percebo que toda dor tem causa,

Que todo abandono é incompreensão.

 

Quando sinto, que abandona nossos sonhos,

É porque já não reúnes em ti,

Nenhuma esperança, sinônimo de amor,

Sinônimo de vida, revelação que transborda.

 

Quando percebo a dor que me causa,

O desapego que queres me fazer sentir,

Percebo minhas insuficiências,

Morro um pouco, deixo de existir.

 

Desapego é dor, desapego é abandono,

Por causas, ou sem causas,

De um amor que dura, enquanto...

Viver em mim, os restos de ti.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

Levantar

 



 

Quando o sol se levanta

De seu leito imaginário

Afastando de si, sonhos e torpores

Insufla vida, energia e vontade

Tal como Deus de bondade

Inundando a alma devota

Do desejo ardente do partir

Do viver, não mais que apenas um dia,

Mas, mal sabemos que essa eterna repetição

É a prova eterna e ilimitada

De nossa permanência infinita

Nesse constante suceder-se

De claridade e escuridão

Permanecendo sempre invariáveis

Únicos, indivisos, inteiros,

Num tempo que não há,

Nesse mesmo lugar, nicho percebido e sabido

Como o espaço de sentir e amar!

Assim, mais um dia em nossa eternidade!

Cri Cri

 





 

Cri

Cri

Cri

Splach

Cri

Cri

Cri

Tibum

Cri

Cri

Cri

Slept

Cri

Cri

Cri

Boom

E o silêncio se fez,

Os olhos se fecharam,

A ansiedade passou,

Os amores findaram,

A existência acabou.

Sem ruído, não existo,

Sem dor, não penso,

Sem paixão, não vivo.

Assim, que se exploda o silêncio...

Cri

Cri

Cri

Kaboom!

Olhos



 

Os olhos são janelas,

Janelas que permitem,

Uma visão privilegiada, de

Um pequeno pedaço da alma.

Permitem uma sondagem,

De tudo que vai no mais fundo.

Demonstram tantos afetos,

Que animam o existente,

Com seu brilho, com seu enigma,

Com os segredos que esconde,

Daquele que se reflete, único.

Os olhos são belas preciosidades

Que falam de nós, sem que

Possamos imaginar a extensão.

Os olhos são belos, porque

Aquela que os anima

É expressão e promessa

Do ato de amar. Nos olhos!


Tua Nudez

 



 

Tua nudez encanta meu existir.

Tua pele, uniforme,

convive com as nebulosas

como forma de beleza infinita e universal.

Gosto das formas,

gosto do gosto,

gosto do brilho,

gosto do cheiro!

Gosto ainda mais,

de toda a nudez que se expande de ti,

que expõe tua alma e faz brilhar o dia

como um clarão de energia,

de paz,

de alegria!

Gosto de tua nudez

que me envolve e me acaricia,

tornando-me todo e inteiro teu.

Gosto de tua nudez,

como gosto de cada parte

em si e por si!

Gosto de tua nudez

como parte de mim,

gosto de tua nudez

como encantamento e magia!

Gosto de tua nudez como poesia!

Gosto de tua nudez

como prelúdio do gozo,

que quero,

seja tua assinatura

sobre a página de nossa história!

Gosto de tua nudez,

simples assim!

terça-feira, 17 de janeiro de 2023

Queria, escrito

 



 

Queria ter escrito,

Aquele verso cheio de ternura,

Queria ter escrito,

Aquela mensagem verberada de amor.

 

Queria realmente ter percebido,

A necessidade que tinha,

De dizer uma única coisa, todas as coisas,

Feito palavras, feito monumento.

 

Queria apenas que permanecesse,

Em mim e em você, a verdade daquele momento,

Aquele, em que eu queria ter escrito,

Sobre tua pele, tudo que sentia.

 

Queria ter escrito,

Com ânsia, com sofreguidão,

Todos os sentimentos que me assolavam.

Queria ter escrito, com tuas mãos.

 

Queria ter escrito,

Cada palavra que me assombrava,

Que em mim transbordavam,

Sobre a pele que te cobre.

 

Queria ter escrito,

Toda a lembrança que me cai

Em cada momento que vivo

Sobre nossa verdade de existir.

 

Queria ter escrito,

Todo um poema,

Toda uma verdade,

Que resumisse você.

Promessas

 



 

 

Sinto uma felicidade imensa,

Quando habito em você,

Fiz muitas promessas, todas elas,

Tão absolutamente verdadeiras,

Que seria incapaz de não as realizar.

 

Fiz tantas e muitas promessas,

Que foram extraídas de tão fundo,

Que foram a expressão tão sentida,

De tudo que existia naquele momento,

De ter você em tudo, toda em mim!

 

As promessas continuam lá,

Onde foram prometidas, ainda,

São verdades absolutas, sentidas,

São dores e feridas não realizadas,

São ainda promessas, a serem cumpridas.

 

Promessas, são mais que tudo,

Manifestos permanentes da vontade,

E mesmo que seja insuficiente o sujeito,

É mais que realidade e pleno o sentimento,

Que faz da promessa verdade.

 

Promessas, prometo e prometido está,

Temos de ser capazes de as fazer, mais uma vez,

Tantas vezes, quanto seja necessário,

Para que possamos concretizar,

Na vida que nos resta prometida.

sábado, 31 de dezembro de 2022

Novo Ano

 


 

De fato, um dia não é 31 de dezembro e outro 1° de janeiro.

Todos convencionamos chamá-los assim, e apenas,

Enquanto todos aceitamos a convenção é que temos

Um Ano Novo para comemorar.

 

É apenas porque aceitamos acreditar uns nos outros,

Aceitamos o que cada um e todos concordam,

Que é possível comemorar um dia como o da Paz Mundial,

Mesmo que haja guerra em tantos lugares improváveis.

 

Sentimo-nos tão cansados, tão exaustos nos finais de anos,

Talvez porque tenhamos tanto a pensar nas festas familiares,

Porque tenhamos que nos preocupar com o sentimento e com a lembrança,

De cada um e de todos que fazem parte de nossas vidas.

 

De repente, começa um “novo ano” e nossas energias se renovam,

Reencetamos promessas, nos propomos começar outras tarefas,

Fazemos juras de amor, fazemos compromissos de fidelidade,

Tentamos nos emendar novamente em nossas fragilidades.

 

Pensamos em sucesso, felicidade, realização, como possíveis,

Apenas porque um dia mudou, porque a terra girou mais uma vez,

Desapercebida de qualquer sentido, em torno de seu eixo,

E nos brindou com o teatro do nascer e do pôr do Sol.

 

Nosso pensamento mágico, que dá concretude ao movimento,

Do nosso planeta em torno do Sol, entende que algo se reinicia,

Que algo acontece para além da experiência sensível,

E este algo magicamente recebe o nome da Ano Novo.

 

Assim, para todos nós que acreditamos que amanhã será 2023,

Da nossa era comum, porque Dionísio Pequeno calculou errado,

O nascimento do Deus menino, que construiu uma civilização,

Que se mundializou, que se tornou padrão de medida do tempo.

 

Assim, para todos nós que acreditamos que amanhã será um novo ano,

Que será prenhe de novas promessas, novos sentidos, novas ideias,

Para todos nós que acreditamos no amor, na sensibilidade, na leveza,

Para todos nós, Feliz Ano Novo, que venha a Felicidade merecida.

 

E sinceramente, a imerecida também, porque a vida não é feita

De méritos, de sentidos, de razões, de obrigações, de deveres,

A vida é feita apenas e tão somente de tudo que desejamos e realizamos,

Cujo sentido é atribuído a cada nascer do Sol. Felicidades então. 


Feliz Ano Novo! Feliz 2023! Tim-tim!

sábado, 5 de fevereiro de 2022

Quando sumi

 



 

 

Quando sumi deixei pegadas por todo caminho

Quando sumi deixei partes tão minhas

Quando sumi deixei um silêncio eloquente

Quando sumi deixei minha dor

Quando sumi deixei minha história

Quando sumi deixei uma esperança!

 

O que fizestes quando sumi?

Tornou cinzas todas as nossas lembranças

Amputou-me de ti, rasgastes minha existência

Expôs o pouco de ti

Que se deixava arrastar comigo

Em cada verso, em cada poesia!

 

Tornou vã minha poesia

Tornou estéril minha existência

Fizeste de minha felicidade, dor

Fizeste de tua presença, tortura!

 

Quando sumi, sofri tua ausência

Quando sumiste, acreditou que me retribuía

Mas, não percebeste, que me matavas

Esfacelava-me, devastava-me...

Tão somente por um capricho,

Tão somente por uma incerteza

Tão somente...

 

Perfeito

 



 

Perfeito não é o sem defeito

Perfeito é o que tenho

Perfeito é o que desejo

Perfeito é o que me faz feliz

É o que enche a alma de ternura

É o que brilha como encantamento!

 

Perfeito,

O que surpreende a cada olhar

A surpresa que sinto em cada encontro

O que transforma a vida em esperança

O que me traz à lembrança a paz

O que me faz todo e inteiro!

 

Perfeito é o que existe

Entre um homem, uma mulher

Entre mim e você

Entre as quatro paredes

Entre lençóis, despidos de nós,

Entre o chegar, o partir, o permanecer

Perfeito é amar e ser amado

Apenas e tão somente por você!

sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Verdades

 



 

Uma vez te prometi a Lua, riu-se de mim!

Uma vez te prometi ver o nascer do Sol, julgou licença poética!

Uma vez te prometi meu coração assim, numa bandeja, olhou-me cética!

Uma vez te prometi minha vida, zombou-me achando exagerado!

 

Mas, se verdadeiramente a lua estiver ao alcance das mãos,

Não dos cosmólogos, dos astrônomos, dos cientistas,

Mas, tão somente, dos apaixonados, capazes de conceber,

A entrega da lua para a musa de seus pensamentos!

 

E se verdadeiramente o Sol todos os dias completa sua dança,

De nascer no Leste e se pôr no Oeste, tão simplesmente,

Como o concebemos desde tempos imemoriais, e apenas...

Tão somente, para contemplar os beijos dos amantes?

 

Mais ainda, se o coração pode ser entregue, assim sofregamente,

No momento do beijo infinito, que se prolonga na alma, sempre...

Quando os amantes se encontram para dizer de seu amor,

E na mão de quem ama, pulsa freneticamente, até alcançar a mão do amado?

 

E a Vida, que sentido tem a vida, se ela não é entregue toda, inteira,

Para ver o sorriso e a felicidade do ser amado, na entrega,

Na espera, que se torna mais rica e intensa, na medida,

Que absolutamente doação, permanência e radicalidade.

 

A Lua, o Sol, o Coração e a Vida, contemplam minha felicidade,

Do encontro permanente com o ser amado, que é assim,

Parte de uma história que ainda não escrita é toda a história,

Que eu desejava desde sempre ter escrito, Amor!

 

Feliz Ano Novo de 2022!




 

Que vontade de abraçar todos os que amamos, todos os nossos amigos, de reuni-los todos em uma imensa praia e de dizer olhando nos olhos que estamos vivos, que compartilhamos esperanças, que queremos todos sairmos dos pesadelos que vivemos desde 2019, das pandemias, das mortes, dos sofrimentos, das amarguras sentidas e vividas em nossos corpos e mentes! Que vontade de sair pelo mundo falando de nosso amor, de nosso desejo de viver intensamente cada momento e de sabermos que há sempre esperança onde é possível sonhar com a harmonia e a paz entre mulheres e homens de boa vontade. Que 2022 venha embrulhado no mais formoso papel de presente trazendo as mais alvissareiras promessas de felicidade, sucesso e plenitude. Sintam-se abraçados e acarinhados nesta meia noite!

Feliz Ano Novo! 2022!

segunda-feira, 12 de abril de 2021

Insustentável

 



 

 

A dor do mundo que geme sob seu abandono,

Com as florestas em chamas, deixando marcas,

Cicatrizes cinzentas nos verdes mares desfeitos,

Dores de vidas queimadas, destruídas pela ganância!

Discursos maldosos enaltecendo as botas,

Que marcham ensandecidas contra homens, mulheres,

Que fuzilam um carro de família com mais de 250 tiros,

De fuzis impunes que marcam a estultez de um povo.

Marchas e contramarchas pela instauração,

De violências normativas que escondem o Sol,

Para reinar a sombra e a morte em Atos Institucionais,

Que trouxeram dor, escravidão e miséria d´alma!

Pigmeus de discursos violentos, homofóbicos, misóginos,

Ganharam o proscênio, carregados pelos homens e mulheres bons,

Mas esquecendo que do passado, ficam ensinamentos,

E de genocidas, não se fazem heróis e salvadores.

Insustentável é a vida de um povo, que em sua cegueira,

Não percebe o holocausto da pobreza, da miséria, da fome,

Que se espalha entre os irmãos mais desfavorecidos,

Pela falta de emprego, pela falta de moradia, de saúde,

Pela falta do direito de ser protegido do Estado anarquista.

Insustentável um tempo onde não se encontram abraços,

Mãos, beijos, sorrisos e regaços,

Onde não encontramos satisfação humana,

Para dores tão pungentes e verdadeiras.

Onde só nos resta ver os desfiles de esquifes,

Que levam ao cemitério as esperanças,

De dignidade, de liberdade e de temperança.