Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Teu nome






Quem escolherá teu nome?
Queria eu ter podido escolher,
O nome de quem te dá vida e que te escolhe,
Mas se fosse escolher, não seria outro,
Seria este mesmo, mas não só!

Quem escolherá teu nome?
Haverá de ser seu pai?
Nele há tantas expectativas,
Tantas construções,
Há uma história inteira no que ele sente...

Quem escolherá teu nome?
Deverá ser tua mãe?
Com o privilégio de ter sido teu Universo,
Por nove meses iguais ao infinito,
Porque enquanto no Útero, não sabias...
Deste outro mundo, destes tantos outros,
Que te esperam ansiosos, dramáticos.

Mas, quem escolherá teu nome,
Saberá que tantos outros nomes te são escolhidos,
Por que dar nome, é ato profundo de cultura,
É dado para dar consistência à tribo,
É concebido para dar durabilidade às relações,
É atribuído para mandar mensagens de amor!

Dar um nome, como tirá-lo,
São como passagens, secretas,
Para os locais mais importantes de nossa existência!
Mostrar um nome, ou ocultá-lo...
Diz de mim e do respeito que ofereço aos que me amam!

Quem escolherá teu nome?
Por mim poderias ter vários nomes,
Não por uma necessidade atávica,
Mas para que eu possa marcar o mundo,
Chamando você de várias maneiras.

Por que é por meio de teu nome,
Que serás identificada, e identificará,
Este mundo que transforma intensamente,
Com tua chegada, com tua luz, com teu existir!
Teu nome, mais valor que qualquer tesouro!

Quem escolherá teu nome?
Creias, impotente sou para mudar o destino,
Inclusive para conceber a vastidão do Universo,
Mas no que cumpro e realizo meu devir,
Hei de querer teu nome, tatuado em minh’alma!

Non sense






Repetimos todos os dias,
Os mesmos caminhos para ir,
Os mesmos caminhos para voltar,
E neste ir e vir, cruzamos,
Uma multidão de rostos,
Não conhecidos, indiferentes,
Cruzamos pelos outros como estranhos,
Tão estranhos que não identificáveis,
E então nos damos conta,
Da falta de sentido, deste repetir,
Incansável de dias sem cheiro,
Sem gosto, sem prazer, sem gozo!

Repetimos todos os dias,
Uma rotina imposta pelas necessidades,
Que não temos, que não queremos,
Mas que nos são impostas,
Por um mecanismo triturador,
De uma sociedade de consumo atávica,
Que nos faz apenas números e estatísticas.

Caminhamos sem saber o por quê?
Buscamos sucesso medido por coisas,
Nos definimos pelo que fazemos,
Nunca pelo que somos e como existimos.
Gaguejamos quando intuímos reprovação,
Naquele simples que desejamos.

E assim, vão se repetindo,
Dias e mais dias, de encontros,
Que nada mais são que sombras,
Sem nomes, sem histórias,
Incapazes de reconhecer no outro,
Uma parte de nós que está à deriva!

E lá vamos nós reproduzindo,
Toda falta de sentido, a que nos condena,
Uma sociedade despida de valores,
Esquecida do tempo longo da história,
E por isso mesmo, alienada de Deus!

E lá vamos nós, repetindo sempre, por quê?
Sem encontrar uma resposta,
Sem encontrar um lugar,
Onde faça algum sentido existir,
Para além desta repetição dantesca!

terça-feira, 28 de novembro de 2017

Eros






Para saber,
Por que amor faz-nos...
Tão felizes que inconcebível?
Tão desgraçados que insuportável?
Basta que saibamos,
A origem de Eros!

Eros resume em si,
Todas as bem-aventuranças,
Todas as misérias,
Que nos afligem quando amantes.

Seu pai era um deus...
Poros, deus da abundância.
Sua mãe Penia, que resumia,
Em si toda carência, falta e miséria,
Humana, não divina.

Assim, quando assombrados pelo amor,
Ou, antes, plenificados pelo amor,
Somos divinamente informados
Por uma abundância de afeto.

Mas assim também, marcados,
Cumulados, de sofrimentos,
De faltas e de ausências,
Resumidos nas carências humanas!

Assim, amar, sofrer de Eros,
É viver a divindade e a plenitude,
Sentidas de forma humana,
Como carência, falta e dor.

Morremos então de amor,
Todos os dias que nos sentimos,
Plenamente despertados pelo outro,
Mas absolutamente carentes da presença,
Da constância e da admiração do amado.

Que Eros sempre nos traga,
Abundâncias e carências,
Tantas quantas necessárias,
Para transcender o eu,
Por um nós, que seja tudo.