Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

quarta-feira, 25 de março de 2015

Intolerância Religiosa




Primeiro a IURD prega a intolerância contra as religiões afro-brasileiras, depois faz alegações preconceituosas com os espiritualistas.
Continua com o chute a imagens de Nossa Senhora Aparecida na televisão, ato de profanação levado a efeito por um “bispo” (seja lá o que isto quiser dizer, dentro de uma seita) e agora, faz vídeos com milícias uniformizadas, verdadeiros projetos de organização paramilitar. Não satisfeita, investe contra um cartunista que de maneira brilhante, capta o sentido da intolerância religiosa pregada pela seita de Macedo.
Como os muçulmanos que acabaram por alavancar o Charlie Hebdo e o desejo de liberdade de pensamento no mundo Ocidental, façamos com a IURD o mesmo, vamos divulgar e amplificar o desenho, para que todos tenham conhecimento do mal que se instala na sociedade brasileira, travestido de seita religiosa.

Divulgo o desenho como uma denúncia da feição intolerante e fundamentalista desta seita, bem como em defesa da liberdade de expressão, com o reconhecimento da genialidade do cartunista.

Céu






Olhei para o céu...
Estava azul...
Fiquei olhando para ele...
Inquirindo...
Por que azul?
Disse-me ele...
Porque se vermelho espelharia a alma,
Todas as almas,
Que plenas de amargura,
Ver-se-iam refletidas,
E o mundo,
Pobre mundo,
Deixaria de esconder todos os sofrimentos,
Para viver de dor.
Azul, posso dizer,
Que toda dor,
Finita como a vida,
Tem por promessa,
Um novo dia,
E assim, pobre mundo,
Enganado mundo,
Pode ser feliz!
Assim, azul!

Finitatis






Finitude...
Talvez a maior graça,
Talvez a maior dádiva,
Seja que nossa existência,
Radicalmente livre,
É finita...

Como seria,
Viver uma eternidade,
De desejos, de esperanças,
De crenças, de esperas,
De liberdade?

Sim, sem a finitude,
Que nos é dada a cada dia,
Como sentença, como possibilidade,
Sem essa finitude,
Seriamos loucos, desvairados,
Eternizados numa angústia,
Insuportável angústia de existir,
Sem a pressa de existir.

É, a finitude é uma benção,
Não uma condenação,
Sabemos que hoje,
Ou amanhã,
Ou depois de amanhã,
Ou quem sabe quando,
Tudo é finito!

Não só nós,
Mas o mundo,
O Universo,
Nossos valores,
Nossas crendices,
Nossos deuses,
Nossos santos,
Nossa História!

Tudo sucumbirá,
Não ao tempo,
Mas à inescapável deusa...
Finitude!

Ave Finitude, Amém!

Por que Poesia?





Por que Poesia?
Porque incapaz de escrever uma crônica,
Porque incapaz de escrever uma novela,
Porque incapaz de escrever um romance.

Tenho milhões de eus em meu pensamento,
Tenho milhões de personagens,
Múltiplos, multifacetados,
Incríveis, torpes, geniais,
Bons, maus, neuróticos,
Doentes, sadios, sádicos,
Invejosos, cruéis, amigos,
Bondosos, santos, demoníacos,
Assim, assim mesmo,
Todos misturados, confundidos,
Indecifravelmente unidos,
Incapaz que sou de separá-los,
Senti-los como únicos,
Incapazes de assumir,
O papel de agente e protagonista,
Da história que não se escreve.

A poesia pelo menos,
Esconde minha ignorância,
Minha incapacidade,
Minha torpe frivolidade,
Abranda-me as dores,
Alerta-me da finitude,
Da liberdade...

A poesia não admite ofensas,
Mas ofendida, ela não se revolta,
Fica aqui, esquecida neste canto,
Canto do mundo, que grita para o vazio,
Para ouvidos moucos,
Para olhos desnaturados,
Para mentes embotadas,
Que não sentem meu grito,
O grito de cada um de meus personagens,
Que prestes a sair de cena,
Escondem-se do mundo,
Como o mundo faz de conta que...
Inexistem!

Poesia, que seria de mim,
Se não existisse, apenas,
Tão somente,
Esta forma,
Tão doída, de falar...?
De minhas dores,
Meus ferimentos,
Minhas lancinantes divisões,
Que emaranhadas,
Fazem-me sucumbir,
Para não mais existir!

Poesia, serve de grito,
Serve de alerta,
Serve de pedido,
Serve de esperança,
Mas se nada disso suceder,
Não se culpe,
O poeta era bissexto,
E já nada pode dizer,
Que não seja um suspiro,
Derradeiro suspiro,
Não de sofrimento,
Mas de superação,
De uma existência,
Que se quer livre!