Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Eu + Eu

 

 

A internet tornou muito mais simples a expressão;

De cada um e de todos nós,

Encontrei, assim, de forma cândida, um verso:

 

Eu+eu=Eu

Vc+vc=Vc

Eu+Vc=Nóis

 

Verdade, absoluta verdade,

Eu, somado a mim mesmo, não posso ser mais do que apenas eu,

O outro, somado a si mesmo, não pode ser mais que apenas o outro,

Mas sempre que eu, me somo, ao outro, somos indiscutivelmente um nós,

Um nós que não acaba na soma de eu mais você, mas que é tudo que sou,

Mais tudo que és, e assim, somos, para além de nós mesmos.

A soma de mim e de você, é maior, muito maior que eu e você juntos!

Por quê?

Porque quando existimos nós, continuamos a existir eu e você,

Mas então somos três, e não mais um mais um!

Sim, este nós, que se assemelha a uma mágica, é sempre a soma,

Resultando sempre em mais, que cada parte,

Melhor que cada parte,

Formando um existir, que só diz respeito ao amor,

À amizade, e a tudo que humanamente é bom.

 

Belo é não ter encontrado nenhum sinal de menos!

Vamos continuar a somar!

Desprezo


 

 

Tentei te dar um beijo,

Miúdo, doce, tímido,

Tentei, porque o acreditei possível,

Frustrei-me!

 

Não porque não consegui te beijar,

Não porque não me quiseste ceder,

Apenas por um instante,

A beleza delicada de teus lábios!

 

Frustrei-me, porque senti em teus olhos,

A distância e a frieza,

Senti em tua presença, a ausência,

Senti em tua repulsa, minha desdita!

 

Não, não sou digno, nem tu o és,

Não somos, porque, indignos,

Ambos, de um beijo esquecido,

Ambos, de um momento de ternura,

 

Poderia nunca ter acontecido,

Como nunca aconteceu,

Mas poderia, pelo menos,

Ter sido negado com ternura,

Poderia ter sido, rejeitado,

Com doçura!

 

Um beijo, verdadeiro beijo,

Não pode ser roubado,

Não pode ser negado,

Não pode ser maculado!

 

Um beijo verdadeiro é apenas uma promessa,

Que pode se realizar,

Que pode se negar,

Sempre com ternura, doçura,

Porque o beijo, antes de tudo,

É preito de admiração!

 

Sou indigno de admirá-la,

És indigna de meu amor!

 

E assim, um beijo,

Que não foi,

Desprezo!

Mundo, vasto mundo

 

 

Espreito o mundo, pela fresta de meus olhos,

Tão vasto é o mundo, que não consigo vê-lo todo,

Nem mesmo uma fração, apenas o que enxergo pela fresta,

Pela tímida fresta de meus olhos.

 

Espreito o mundo, no compasso de meu coração,

Bate ele desacertado, medindo tempos, sem sentido,

Rápido demais quando gozo, lento demais quando sofro.

 

Mundo, vasto mundo, que apenas espreito,

Mas que em mim existe todo, como ânsia,

Como desejo.

Um mundo, vasto mundo, que me desorienta,

Porque clama por mim, me arrasta,

Mas se nega furtivo, entregar-se aos meus desejos!

 

Mundo, vasto mundo, que queria eu,

Fosse reduzido à cama de amar,

Ao tempo de beijar, de emaranhar-se,

Desesperadamente ao outro, sem o qual,

Não sou eu, não sou ninguém,

Nem faz qualquer sentido, a vastidão do mundo!

 

Entendo então, que o Mundo,

Este vasto mundo, só faz sentido,

Se há um outro, que se possa amar!

Que não é um outro apenas, mas todos os outros,

Que posso espreitar, por esta fresta, pequena,

Delicada, insuficiente,

Meus olhos, que de forma oblíqua,

Descobrem, este vasto mundo de amar!

Tua dor

 

 

Se soubesses o quanto tua dor me fere,

Não alardearias com tanta facilidade,

Teus sofreres, teus males,

Se o soubesses, compreenderias,

Que em meu peito, há uma dor,

Que dilacera minha alma,

Cada vez que vejo, lágrimas saltarem de teus olhos!

 

Tua dor, incompreensível para mim,

Torna-me refém do desejo de contemplar-te.

De perder-me em teu sorriso,

De perceber tua alegria,

De desejar tocar-te para fazer-te feliz!

 

Porque insistes em sofrer,

Quando meu único desejo é fazer-te feliz?

 

Seria eu indigno do teu amor?

Seria eu indigno de qualquer amor?

 

Talvez minha sina seja apenas,

Escutar as dores, sofrê-las,

Viver as amarguras,

Sem ser capaz de mostrar os encantos,

Viver e sofrer contigo tuas dores,

Sem ser capaz de viver tuas alegrias!

 

Talvez isto seja realmente amar!

Talvez isto seja meu destino,

Talvez isto seja minha dor!

 

Quem há de vive-la comigo?