Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

sábado, 26 de setembro de 2020

Um Poema Impudico

 



 

 

Quando dos acasos se fizer o encontro,

faremos loucuras para nos amar,

misturando amor, poesia, sexo e música,

com devoção, luxúria, sedução!

Quero tua pele, tua nudez, tua voz,

Quero sentir toda tua ternura, permanência,

gozo, gozo, gozo, gozo, e assim,

todo o tempo que nos dispusermos a derreter-nos

intensamente e depois,

mãos dadas,

olhares zombeteiros,

toques impudicos e indiscretos,

rubor, desejo e coito,

que não se acabe até o sol nascer,

ou até ele se por,

ou até o mundo acabar,

nas chamas que atearemos no quarto

onde nossos corpos derretidos,

incineram a imaginação com

o ardor da paixão!

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Rosh Hashanah

 



 

 

Um dia dos mais importantes,

Uma festa que marca entendimento único,

O dia que inaugura a lembrança do nascer do Universo,

A lembrança da criação de Adão para Eva, de Eva para Adão!

 

Dia em que, podemos virar as costas ao passado,

Podemos recomeçar todas as coisas,

Construindo uma nova vida,

A partir do que somos, a partir do que queremos!

 

O dia mais importante para perceber,

Que mais importante que tudo é sua família,

São seus filhos, que povoam o mundo da sua presença,

Que marcam a história com seus nomes e existências!

 

Dia que marca um novo investimento em amor e amizade,

Em que podemos começar do zero, como do zero se fez Universo,

Momento crucial de renascer para um novo ciclo,

Com permanências e rupturas, com o desejo de novo e profundo existir!

 

O dia perfeito para se comprometer com alguma coisa que começa,

Exatamente no dia do ano novo, de se comprometer de novo!

Dia para acreditar que é possível, sempre será possível,

Acreditar no amor, na amizade, na ternura, na eternidade!

 

Em Rosh Hashanah, pratique a caridade,

Estenda o amor do Deus único e criador, para toda criatura,

Sinta o espírito que paira sobre as águas e sobre as montanhas,

Que sopra sempre as promessas de aliança à perpetuidade!

 

No dia de Ano Novo, fale com o Deus de Moisés intimamente,

Com suas palavras, confesse a ele seus desejos,

Comprometa-se com o amor que tens e que recebes,

Acredite na possibilidade de realização das promessas mais íntimas!

 

Ouça tudo que é dito neste dia, e com a pureza do coração da criança,

Aquela que habita em você, por todo o tempo de tua existência,

Que é nesse dia que se revelam muitas das verdades, muitas...

Das possibilidades de fazer do mundo, algo maior e melhor para se amar!

 

No dia de Ano Novo, altere sua rotina, seus conceitos,

Abra seu coração para novas possibilidades, mantendo a fidelidade,

Mas revolucionando as certezas, a ponto de se permitir,

Novas possibilidade de rir, de voar, de existir para além das limitações!

 

Atente para este dia, para seus sorrisos, para suas surpresas,

Faça uma leitura espiritual de tudo que te cerca, de tudo que te acontece,

Perdoe a si mesmo e perdoe aos outros os fracassos e as fraquezas,

Descubra que Rosh Hashanah é o novo que se apresenta, é a vida que se oferece!

 

O primeiro dia do mês outonal, apenas a primeira festa,

Das festas mais importantes, e sendo assim,

Neste dia, todos os encontros, todas as decisões, todas as preces,

Devem também guardar a sacralidade da Festa!

 

שנה טובה

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Fatos



Acontecem coisas na vida, inesperadas,
como o eclipse, que esconde o Sol,
deixa mulheres e homens boquiabertos,
acreditando nas mais prodigiosas profecias.

Acontecem coisas na vida, desejadas,
como o nascer de uma Rosa, como a Primavera,
algumas somos como demiurgos, porque agimos,
outra somos espectadores, como num teatro.

Acontecem coisas na vida, irremediáveis,
como quando os amantes se dão o primeiro beijo,
quando o coração dispara, a respiração acelera,
e o pensamento se transforma numa constante.

Acontecem tantas coisas na vida, algumas...
ansiamos por reproduzir, todos os dias,
outras, somos incapazes de reter na alma,
mas, que as que desejamos, nunca nos abandonem!

Fatos, assim, acontecem, inesperadamente ou esperados,
mas que o encontro das almas, que perpetuamos no beijo,
possa constituir-se em eternidade, na eternidade da chama,
e que seja infinito, enquanto dure! Sempre!

terça-feira, 23 de junho de 2020

Basta





Nossas vidas tornaram-se um pesadelo,
Todos os dias se engendram novas aleivosias,
Fabricam-se novas crises, novos e escalafobéticos transtornos,
Nossas vidas tornaram-se reféns de trogloditas,
Nos enojam com armas, com gestos agressivos,
Nos forçam a ver imagens da Cruz ao lado de revólveres,
Querem nos fazer acreditar que batalhões de milicos,
Arvorados em administradores da coisa pública,
Serão capazes de corrigir os 21 anos de maldades,
De ignorância, de crueldade, de falta de liberdade,
De inflação galopante, de dívida externa escorchante,
De tantas bandalheiras, que depois, foram deixadas,
Para um congresso sempre aberto e tolerante,
Onde pontificava uma oposição tolerada e conivente!
Basta, de toda crueldade submissa, do racismo envergonhado,
Da polícia violenta e a serviço da perpetuação da violência.
Basta de passeatas pedindo o retorno do armagedon,
De faixas pugnando pelo Estado de Exceção, pelo fim
Da Liberdade de Expressão!
Basta da impunidade dos torturadores,
Basta da falta de julgamento dos crimes perpetrados,
Basta da exaltação de criminosos contra a humanidade!
Basta da ignorância perversa semeada em 21 anos de arbítrio!
Basta de manifestações covardes, inverossímeis, canhestras!
Ou nosso Estado de Direito vale e tudo isso tem de parar,
Ou não vale e, então, teremos de ir à rua, lutar por nossa Liberdade,
Antes que as milícias do mal, da perversidade, da violência,
Se armem com os projetis autorizados pelo ensandecido Sebastião!
Basta de interinidades burlescas, de generais de fancaria,
Basta de mentiras, de dados falsos, de estatísticas manipuladas,
Basta de incertezas num momento de mortes e ansiedade,
Basta de um sistema político que permite um incapaz chegar ao poder,
Basta, que chegando ao poder, o incapaz submeta as instituições!
Basta de sequestrar o hino nacional e as cores do país para violar nossa liberdade!
Estamos cansados, exaustos, exangues, mas não paralisados!
Estamos ansiosos, entristecidos, violentados, mas não mudos, não derrotados.
Basta de toda e tanta violência diária!
Basta de toda e tanta desfaçatez, insensibilidade e ignorância!
Que possamos resgatar a civilidade, a paz e os valores que são incompatíveis,
Com a ordem de coisas medonha que nos aflige!

Permanência





Permaneces em mim, eu em você...
Se fecho os olhos, imagino tua pele,
A cor, o reflexo, o brilho, que se espalham,
Por todo o espaço que ocupa, como um mundo,
Que se descortina, imenso, intenso, pleno,
No ato de te amar!...
Permaneces em mim, teus cheiros,
Teus gostos, que guardo, escondidos,
Dentro do mais íntimo da minha alma,
Guardo como tesouros, que carrego em mim,
Desesperando o desejo do encontro, do sentir!
Permaneces em mim, porque te desejo,
Tão escandalosamente, que quero desvestir-te,
Quero te ter nua, inteira, entregue, inerte,
Apenas e intensamente pronta para mim!
Permaneces em mim, apesar da ausência,
Que dói, que machuca, que exaspera,
Mas que promete, no encontro,
Outro intenso desenrolar de uma extenuante,
História de amor e permanência!
Permaneces em mim! Eu, em você!

domingo, 10 de maio de 2020

Mães










O que se pode dizer daquela que é responsável pela minha existência?

Daquela que cedeu sua vida, sua saúde, suas esperanças, para dar a mim, vida?

O que posso dizer daquela que aceitou ser a mãe de meus filhos?

Daquel’outra que me deu filhas mesmo antes de a ter conhecido?



O que se pode dizer daquela que me dá e cede o amor de enteados e enteadas?

O que posso dizer de toda fonte de vida e de esperança que carrega o útero de uma mulher?

O que posso dizer do corpo abençoado e fértil das filhas que me dão netos?

O que posso dizer do Universo todo que se constitui no seio da mulher?



Sinto que em cada ato praticado no mundo, há sempre uma mulher que o permitiu!

Há sempre uma doação plena e integral, desejada ou acidental, que o tornou possível!

Existe sempre a dor que faz surgir outra vida, tão digna quanto aquela que pare!

Existe sempre uma angústia e um desespero que se ampara no amor de Deus!



Deus que nasce de uma mulher, que surge no mundo a partir de uma mulher,

Sem a qual, nenhum sentido faria fazer-se homem, sem a qual, não haveria homem!

O que dizer dos filhos que não tive e que gostaria de tê-los, não fosse, por amar,

Intensamente e plenamente uma mulher e encontrar nela a mãe de meus filhos!?



Que dizer das mães que sofrem o calvário da morte de um filho e de uma filha?

Que dizer das mães que velam e sofrem pelas tristezas e sofrimentos que afligem seus filhos?

Que dizer das mães que laceradas abandonam estes, mortificadas, pelo bem da vida?

Que dizer das mães que se desentranham desesperadamente na aflição da morte ao nascer?



Que dizer da mulher que se dá, que se entrega, que cogita apenas de ouvir o vagido?

Que dizer da mulher que guardou em seu útero meus filhos e filhas, para eu amar?

Que dizer da mulher que me dá netos, que me faz avô, o que nunca saberia,

Se ela tão generosamente não fizesse mais uma vez possível que eu possa amar! Ser amado!



Para tantas perguntas só há uma lágrima desesperada de alegria e de tristeza!

Alegria por todas as mães que estão com seus filhos, que receberão carinho e amor!

Tristeza por aquelas que perderam, que não os encontrarão, que não terão reconhecimento!

Para tantas perguntas, só há uma resposta. Devoção! Feliz dia das Mães!

domingo, 19 de abril de 2020

Inadmissível




No dia de hoje o Brasil foi vítima de uma violência inominável contra a democracia. O Presidente se reuniu com manifestantes que pediam a reedição do AI 5, o fechamento do Congresso e do STF em frente a uma unidade do Exército na capital da República numa flagrante violação dos deveres constitucionais que deve defender.
A Lei 7170 de 14 de dezembro de 1983, recepcionada pela Constituição de 1988, conhecida como Lei de Segurança Nacional, diz taxativamente em seu artigo 1º.:
Art. 1º - Esta Lei prevê os crimes que lesam ou expõem a perigo de lesão:
I - a integridade territorial e a soberania nacional;
Il - o regime representativo e democrático, a Federação e o Estado de Direito;
Ill - a pessoa dos chefes dos Poderes da União.
As pessoas que saíram às ruas em Brasília para pedir o fechamento do Congresso e do STF cometeram um crime tipificado em lei. 
As instituições republicanas e democráticas não reagirão?
Houve violação entre outros artigos, dos que seguem:
Art. 22 - Fazer, em público, propaganda:
I - de processos violentos ou ilegais para alteração da ordem política ou social;
II - de discriminação racial, de luta pela violência entre as classes sociais, de perseguição religiosa;
III - de guerra;
IV - de qualquer dos crimes previstos nesta Lei.
Pena: detenção, de 1 a 4 anos.
§ 1º - A pena é aumentada de um terço quando a propaganda for feita em local de trabalho ou por meio de rádio ou televisão.
§ 2º - Sujeita-se à mesma pena quem distribui ou redistribui:
a) fundos destinados a realizar a propaganda de que trata este artigo;
b) ostensiva ou clandestinamente boletins ou panfletos contendo a mesma propaganda.
§ 3º - Não constitui propaganda criminosa a exposição, a crítica ou o debate de quaisquer doutrinas.
Art. 23 - Incitar:
I - à subversão da ordem política ou social;
II - à animosidade entre as Forças Armadas ou entre estas e as classes sociais ou as instituições civis;
III - à luta com violência entre as classes sociais;
IV - à prática de qualquer dos crimes previstos nesta Lei.
Pena: reclusão, de 1 a 4 anos.
Assim, se repararmos que as faixas levadas pelos manifestantes eram, em sua maioria, feitas por um mesmo mentor, temos que a manifestação, seu local e dimensão foram preparadas, foram organizadas, com o intuito criminoso de violar o Estado Democrático de Direito!
Há que se processar as pessoas que foram à manifestação e defenderam a animosidade das forças armadas contra as instituições, incitando-as ao golpe contra os poderes da República. Há que processá-las por defenderem por meios ilegais a alteração da ordem política brasileira.
Devem ser investigados os promotores que se escondem por traz do mito “povo” para defender o crime e a desordem, que promovem o caos político e social.
O Presidente deve sofrer processo e justificar como participou de atos criminosos organizados com o claro objetivo de alterar a ordem política de forma antidemocrática e sendo condenado, sofrer o impeachment por crime de responsabilidade.
Ë o mínimo que os brasileiros e brasileiras, cidadãos de bem e democratas, esperam das instituições e do Exército. Não há que contemporizar com o crime, não há que tolerar a apologia do golpe e do fim do Estado Democrático de Direito.
Não se pode defender o direito à apologia do CRIME!




quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Outro corpo




Outro corpo que não o meu,
Se espalha por toda memória,
Inunda meu pensamento de desejos,
Expressa, sozinho, toda completude!

Outro corpo que não o meu,
Exala todos os perfumes, os cheiros,
As cores, as formas, os volumes,
Que agonizo por ter em gozo!

Outro corpo que não o meu,
Se repete em imagens e lembranças.
Se perpetua na ânsia de ser e estar,
Torna-se modelo de beleza e perfeição.

Outro corpo que não o meu,
Seduz-me todo e inteiramente,
Escraviza-me, tão despudoradamente,
Que vivo a esperança escandalosa do encontro!

Outro corpo que não o meu,
Faz-me nós, todo nós,
E de tantos nós, enovelado,
Desejo perder-me no ato de amor!

Desespero




Desespero é não poder estar onde desejo estar,
É não fazer o que gostaria de estar a fazer,
É existir apesar do desejo de desaparecer!

Desespero é o abismo entre o que sou,
Aquilo que desejo ser, que penso ser,
É existir sem sentido algum, apesar de todo esforço!

Desespero é o sentimento de abandono,
Que inunda tudo que transborda de mim,
Sem que eu consiga conter a avalanche!

Desespero é a fragmentação intensa,
De cada parte inexplicável de mim,
É a falta de resposta das perguntas que não fiz!

Desespero é sentir-se tão e intensamente só,
Apesar de todas as existências que habitam em mim,
E que só fazem lamentar a incompletude do eu!

Desespero é estar aqui, e não aí,
É não ter a liberdade, negada por mim,
De ser intensa e plenamente eu!

Desespero é não entender a lógica,
Que governa este mundo ilógico,
Que me faz descrer de mim!

Desespero, enfim, é descobrir,
Que tudo faz sentido, mesmo que absurdo,
Sem poder fazer crer que compreendo, o incompreensível.

Desespero, tão somente, de existir!