Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Humanidade






Encontro o sentido de humanidade na mão estendida,
Que oferece consolo, na lágrima que brota da compaixão,
Do ato que sacia a fome daquele que implora alimento,
Do olhar terno que aquece o coração do desamparado!

Encontro o sentido de humanidade na fé resoluta,
Naquele coração que age de forma coerente e consequente,
Com o mandamento de amar o outro como a si mesmo,
No ato de fé que brota na claridade do olhar desprendido!

Encontro o sentido de humanidade na ternura do acolhimento,
No esforço que cada um faz de respeitar as escolhas do outro,
Na abnegação de ajudar sem nenhum pagamento,
Na constância do sentimento e do amor para além da mágoa!

Humanidade que brota em cada perdão,
Humanidade que transborda em cada compaixão!
Humanidade que aleijada, caminha para viver e deixar viver!
Humanidade que clama por remissão de suas faltas!

Faltas é o que nos sobra de nossas dores e angústias, humanidade!

In nomine Domini






Vivemos em um mundo apartado do seu Criador,
Ressignificamos cada fenômeno que nos aflige!
Reconstruímos discursos e narrativas sobre o Universo!
Um Universo de todo alheio à nossa existência!

Mal percebemos que nossa consciência nos angustia,
Com a certeza de uma contingência e insignificância,
Quando não percebida e não sentida,
Como a expressão mesma de uma Criação amorosa!

Se há vida, como manifestação gratuita de uma vontade,
Se há amor como poder ilimitado de doação,
Se existimos para além de nossos limites e sofrimentos,
Há um Algo que na falta de todo sentido, dá-nos Razão de existir!

Nosso atávico desejo de viver para além da vida,
Expõe nosso medo primordial da morte!
Mas se acreditamos na existência Daquele que dá sentido,
Para todo o vivido sem sentido! Nada a temer da morte!

A própria dúvida só se concebe na liberdade do criado,
De fazer escolhas, de poder adorar e negar,
Sem que Aquele que ato puro, cria do nada,
Obste a possibilidade de se negar a evidência!

A loucura de crer possível tanta misericórdia,
A insensatez de se conceber tanta caridade,
Só pode se explicar pela existência de um Deus,
Que se manifesta em todas e em cada criatura!

In nomine Domini... Amém!

Imagem






Desde que compreendo as imagens,
A morte se apresenta como cadavérica,
Marcada por uma máscara,
Ou ainda, apenas um crânio!
Sempre vestida com o manto negro,
Com uma foice, imensa foice!

Mas não deve ser assim,
Porque lembro dos que morreram sorrindo,
Dos que morreram dormindo,
Dos que morreram sem consciência!

Lembro dos que morreram satisfeitos,
Consigo mesmos, com o amor que deixaram,
Com a vida que reproduziram,
Com a bondade que fizeram!

Talvez a morte não se pareça com a imagem,
Que desde tempos imemoriais temos representado!
Talvez seja a morte mais um anjo,
Reluzente anjo de bondade, compassivo!
Anunciando um novo estado sem dor,
Um novo existir sem precariedade e sofrimento!

Mas para que a morte se apresente assim,
Devemos viver intensamente a vida,
Escolhe-la de forma decidida todos os dias,
Amar e ser amado, dignificar nossa existência,
Escolher o doce sorriso à lágrima estéril.

Sim, acredito que a imagem da morte,
Está visivelmente marcada,
Pela dor de ter tornado a vida vazia,
Sem a possibilidade de ter vivido,
Um grande amor!

A imagem da morte, tem...
Com certeza...
A aparência de um anjo!