Queremos
todo o tempo manifestar nossa existência como um vagido, louco
vagido, que se manifesta ruidoso em nossa alma, mas que não encontra
canal que o faça ser ouvido no mundo surdo que nos envolve.
O
alheamento e a solidão que nos cercam, imprimem dores, que nos
prendem, tal qual correntes inquebráveis, às nossas cadeias
internas, aos nossos sofrimentos indizíveis, porque incompreensíveis
até para nós mesmos.
Um
lamentação que se arrasta, como se a morte, desejada, fosse buscada
em cada ação desatinada, em cada esquina em que a violência
espreita. Uma busca do nada original, que apenas reproduz o estado de
beatitude do não existir!
Não
podemos alardear nossas dores, mas apenas as dores consentidas, numa
escala perversa de existir para a dor, com sorrisos, com amizades,
com tapas nas costas, que doem e fazem doer, ainda mais as feridas
que nossos pensamentos produzem na alma desencantada, porque sabedora
da irredutível solidão.
Uma
dor de existir, que nos faz compreender a inescapável
responsabilidade de tudo que nos acomete, que se abate, que desmorona
sobre o nosso estar no mundo. Nefasta sabedoria que nos faz perceber
em cada sucesso e em cada fracasso, o quanto está lá nossa própria
vontade, nossa irredutível participação, a incontrastável presença
assinada de nossa responsabilidade.
A
dor de existir é a certeza que temos que entre o acidente do nascer
e a necessidade do morrer, existimos para alcançar a beatitude da
morte, desapegados de todo pertencer, de todo possuir, de todo
desejar.
A
dor de existir se encerra nos livros que me cercam, e que não me
pertencem, mas que eu, lhes pertenço para todo o sempre, entre as
capas, que o tempo irá esfarelar, para desgraça e desencanto do que
resta de minha alma!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sentir, Pensar, Expressar! A Intenet tornou possível a qualquer homem, a qualquer mulher, expressar tão livremente seu pensamento e seus sentimentos, quanto o são em realação ao seu existir! Eis o resultado!