Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Dor do existir




Queremos todo o tempo manifestar nossa existência como um vagido, louco vagido, que se manifesta ruidoso em nossa alma, mas que não encontra canal que o faça ser ouvido no mundo surdo que nos envolve.
O alheamento e a solidão que nos cercam, imprimem dores, que nos prendem, tal qual correntes inquebráveis, às nossas cadeias internas, aos nossos sofrimentos indizíveis, porque incompreensíveis até para nós mesmos.
Um lamentação que se arrasta, como se a morte, desejada, fosse buscada em cada ação desatinada, em cada esquina em que a violência espreita. Uma busca do nada original, que apenas reproduz o estado de beatitude do não existir!
Não podemos alardear nossas dores, mas apenas as dores consentidas, numa escala perversa de existir para a dor, com sorrisos, com amizades, com tapas nas costas, que doem e fazem doer, ainda mais as feridas que nossos pensamentos produzem na alma desencantada, porque sabedora da irredutível solidão.
Uma dor de existir, que nos faz compreender a inescapável responsabilidade de tudo que nos acomete, que se abate, que desmorona sobre o nosso estar no mundo. Nefasta sabedoria que nos faz perceber em cada sucesso e em cada fracasso, o quanto está lá nossa própria vontade, nossa irredutível participação, a incontrastável presença assinada de nossa responsabilidade.
A dor de existir é a certeza que temos que entre o acidente do nascer e a necessidade do morrer, existimos para alcançar a beatitude da morte, desapegados de todo pertencer, de todo possuir, de todo desejar.
A dor de existir se encerra nos livros que me cercam, e que não me pertencem, mas que eu, lhes pertenço para todo o sempre, entre as capas, que o tempo irá esfarelar, para desgraça e desencanto do que resta de minha alma!

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