Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Memórias




O tempo é inexorável,
Condena-nos a perder memórias,
E perder memórias,
Não é como perder um olho,
Ou como perder um dedo,
Ou como perder qualquer outro pedaço de mim,
Perder memórias, é constituir-se outro,
É fazer-se outro e estranho a si mesmo.
Quando penso no teu existir,
Quando penso no vazio que deixaste,
Quando sinto o vácuo que se faz na memória,
Percebo que contigo parte um pedaço de mim,
E agora, que sou outro,
Percebo-me tão menor,
Tão insuficiente,
E o tempo, que me rouba tuas memórias,
Faz-me um estranho,
Que olha um imenso vazio,

No fundo dos olhos que não mais encontro.

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