Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

domingo, 27 de janeiro de 2013

Amar para sempre…






Caminhava solitário por uma alameda. Assim pensava, porque quando criança, disseram-lhe que uma alameda era um caminho, uma rua, cercada de árvores.
Enfim, era uma alameda, como a concebia, desde há tanto tempo, que já não se recordava, nem quem, nem como lhe haviam dito que aquele caminho era uma alameda. No entanto caminhava.
Caminhava de lugar algum, para não sei onde! Não importava, porque afinal, aquele caminhar não tinha nenhum sentido, que não o exclusivamente caminhar. Não poderia ter, porque seus sentimentos, eternamente em conflito, não lhe davam paz, nem lhe permitiam efetivamente viver o que pensava estar vivendo.
Amava, sim, amava quem sempre amou, mas não era mais o mesmo, ou ela já não era mais a mesma, mesmo que isso não tivesse importância, já que o que importava era estar ao lado dela. Mas, por que então caminhava?
Caminhava para saber, porque tantos jovens, apaixonados loucamente, se desesperavam loucamente apenas pela perspectiva de que não se veriam na segunda e na terça, mas apenas na quarta-feira já que seus pais não o permitiriam antes. E eles não o permitiriam, porque os apaixonados têm uma forma de pensar única, onde há apenas um sentir, um pensar, um compreender o mundo, o que não é compatível com qualquer outra tarefa.
Sim, caminhava, porque percebia naqueles rostos felizes, naqueles sorrisos, naqueles beijos apaixonados, alguma coisa que ele não perdera, mas também não reencontra. Não consegue entender o que há, que já não encontramos o prazer da mão que se toca, do beijo que se demora, das línguas que quase se enroscam em definitivo, como se nunca mais pudessem ser separadas.
Onde está aquela vontade louca, que nele permanecia, de ver o que estava para além da barra insinuante da saia, que apenas fazia entrever a coxa. O prazer de ver os joelhos, os pés, os lábios, a mão, o cotovelo, o braço, de uma alvura que só a imaginação é capaz de conceber?
Caminhava, e descobriu que naquela alameda, havia perdido a si mesmo, ou perderam-no, e que agora, buscava incansavelmente. Onde estariam todas aquelas promessas? Soterradas nos horários a cumprir no trabalho? Nas contas a serem pagas no final do mês? Nos filmes idiotas assistidos incansavelmente para que o seu pensamento permanecesse entorpecido?
Caminhava solitário por aquela alameda, e já nem sequer sabia por que era uma alameda, mas apenas que era um caminho, sem volta e, portanto, tão doloroso quanto possa ser, a perda de nós mesmos, em um lugar inalcançável, em um canto tão escondido, que irreconhecível para nós mesmos.
Caminhava tão só que ao cruzar com um adolescente tão semelhante a ele, cheio de certezas, tão alegre e cheio de vida, não o reconheceu, porque era ele que passava, no sentido contrário, ainda na busca de si mesmo, apenas mais confiante, porque no jovem há uma certeza que ele esquecera em algum lugar.
A de amar para sempre...

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