Espaço de sentir e pensar de Laércio Lopes de Araujo

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Um olhar para…





Acordou, como sempre com a sensação de que era muito cedo, mas sempre constatando que faltavam alguns minutos para o indefectível despertar do alarme sonoro de quaisquer dos aparelhos eletroeletrônicos que o cercavam.
Levantou com uma sensação, que se repete todos os dias, de que havia muito por fazer, e que amanhã, restaria ainda o mesmo muito, senão mais do que havia para fazer hoje.
Resolveu olhar para...
Resolveu olhar para...
Pensou, pensou, pensou e resolveu olhar para...
Aquela figura única que encontrava todos os dias no espelho que se encontrava no banheiro, o cabelo desalinhado, o rosto algo inchado, os olhos algo mortiços, a barba por fazer, um ar desarvorado, e pensou quem é este sujeito?
Demorou muito a reconhecer um alguém com quem cruzava todos os dias, mas que dificilmente se dava o trabalho de perceber como alguém digno de nota. Parou por um instante e pensou nas muitas vidas que viveu, nas muitas pessoas que povoaram sua vida, dos muitos lugares que viveu. Sentiu-se por um momento, como se Matusalém fosse, sentiu-se dono de uma secular existência que se preenchia de histórias, de contos, de fatos, de tragédias e felicidades, sentiu-se tão velho quanto o tempo passado desde a criação do mundo!
Resolveu fazer caretas, assombrar-se, rir-se, encarar-se sem nenhuma seriedade, em alguns minutos descobriu que continuava sentindo-se com 18 anos, apesar de ter, sabe-se lá, 40, 50 ou 60, porque não faria qualquer diferença.
Tomou um banho, barbeou-se, perfumou-se, arrumou-se como sempre se arrumava desde os 18 anos e saiu com a certeza de que ele estava vivo, e continuaria vivo... Enquanto não morresse, mas como quando morresse não teria a menor ideia do que aconteceria, convenceu-se de que era eterno apenas e tão somente, eterno enquanto durasse como já dissera o poeta e isto lhe bastava!
Só há uma forma de caminhar na vida, olhando para o futuro, um futuro do passado, que com certeza não acabará nunca para os vivos, e que nunca existirá para os que já foram. Satisfeito saiu pelo mundo para viver suas muitas outras vidas!

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